Movimento negro pede cotas na USP e desaprova bônus

Estudantes da Universidade de São Paulo (USP) e membros do movimento negro protestaram em favor da adoção de cotas nas vagas da universidade para pretos, pardos e indígenas. O grupo fez um ato em frente ao prédio da administração da universidade onde o Conselho Universitário (CO) decidiu aprovar a implementação de novas medidas de inclusão social no vestibular da instituição.

– Mais uma vez a USP demonstra que não quer discutir cotas. Todos os projetos que eles dizem ser para incluir a população pobre e preta não é cotas. A gente exige cotas, que é reserva de vagas. Ou seja, garantia de que vai ter população pobre e preta aqui dentro – destacou Valéria Couto da Silva, estudante e membro do Núcleo de Consciência Negra da USP.

O Conselho Universitário (CO) da USP aprovou hoje a meta, para ser atingida até 2018, de que 50% das vagas de seus cursos, em cada turno, sejam preenchidas por alunos que tenham cursado integralmente o ensino médio em escolas públicas. Dos 50% oriundos de escolas estaduais, o percentual de pretos, pardos e indígenas deverá atingir o percentual verificado pelo último censo demográfico do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). As medidas já valem para o próximo vestibular. Até agora, o grupo não tinha bônus para o ingresso na universidade.

– A proposta para a gente é uma falsa inclusão. Esse processo não inclui nem a população pobre nem a população negra, isso só prejudica o debate. Não só os estudantes da USP, mas todo o movimento negro, que está apoiando essa manifestação, defendemos a cota racial – destacou Cipriano Filho, da Uniafro Brasil.

Sobre os novos bônus, o conselho criou um bônus que pode elevar a nota em até 5% a depender do resultado obtido na prova dos vestibulandos que se declararem pretos, pardos ou indígenas e tenham cursado integralmente o ensino básico em escolas públicas, e aumentou de 8% para 12% a bonificação na nota dos alunos que tenham cursado o ensino médio em escola pública; elevou de 8% para 15% a bonificação dos candidatos que fizeram o ensino fundamental e integralmente o ensino médio na rede pública. Também aumentou de 15% para 20% o bônus para o aluno que cursou integralmente o ensino fundamental na rede pública e o segundo e terceiro anos do ensino médio em escolas públicas.
Assim, o aluno preto, pardo e indígena que tiver cursado integralmente o ensino fundamental na rede pública e o segundo e terceiro anos do ensino médio em escolas públicas pode chegar a ter até 25% de sua nota do vestibular aumentada pelos bônus recebidos, a depender do seu desempenho na prova.

– O núcleo de consciência negra pauta essa questão há mais de 20 anos dentro da universidade e nunca a universidade tinha sequer citado a palavra raça ou negro em algum documento interno relacionado a seleção de estudantes. Por esse aspecto, pela primeira vez, a USP admite que exite uma dívida histórica com o povo negro e por isso a existência desses tímidos 5% – disse o representante dos estudantes de pós-graduação no Conselho Universitário, Leandro Salvático.
Em contrapartida a proposta da USP, o movimento negro propôs um projeto de lei à Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo que prevê cotas para as vagas da universidade: 25% para população que se declara negra, parda e indígena; 20% para oriundos da escola pública; e 5% para pessoas com alguma deficiência.

 

Pretos, pardos e indígenas de escola pública terão bônus de 5% na Fuvest

 

Fonte: Correio do Brasil 

+ sobre o tema

Redução da maioridade penal proposta de Aloysio Nunes é rejeitada pelo Senado

Proposta de Emenda Constitucional, de autoria do senador tucano...

Filho de aposentado da Petrobras declarou renda de R$ 450 para burlar sistema de cotas na UERJ

  Estudante de Medicina foi expulso, mas conseguiu na Justiça...

Bank of America vai indenizar 200 mil negros e hispânicos por racismo

O acordo obedece às acusações de que a Countrywide,...

para lembrar

O Brasil é uma enfermeira preta vacinada

Na política e na vida, imagens importam. Neste domingo...

Parecer deve garantir aplicação da Lei de Cotas

A ministra da Secretaria de Promoção de Políticas de...

Presença do negro na TV também pode ser preconceito, considera apresentadora

Por: Cojira/SP"Entrei na TV por uma brecha: vamos colocar...

Na pele do outro – como a realidade virtual pode combater o racismo

Racismo pode ser amenizado com experimento de realidade virtual,...
spot_imgspot_img

Quando Tony Tornado cerra o punho e levanta o braço, a luta dos afrodescendentes se fortalece

Tony Tornado adentrou o palco do Festival Negritudes e, antes de dizer qualquer palavra, ao lado do filho, Lincoln, ergueu o punho direito. O...

‘Redução de homicídios no Brasil não elimina racismo estrutural’, afirma coordenador de Fórum de Segurança

Entre 2013 e 2023, o Brasil teve uma queda de 20,3% no número de homicídios, de acordo com o Atlas da Violência, produzido pelo Fórum...

‘Não aguentava mais a escola’, diz mãe de aluna internada após racismo

A mãe da aluna de 15 anos que foi encontrada desacordada no Colégio Mackenzie (SP), contou ao UOL que a filha segue internada em um hospital psiquiátrico...
-+=
Geledés Instituto da Mulher Negra
Privacy Overview

This website uses cookies so that we can provide you with the best user experience possible. Cookie information is stored in your browser and performs functions such as recognising you when you return to our website and helping our team to understand which sections of the website you find most interesting and useful.