MP denuncia jornalista por crime de racismo

O Ministério Público de Minas Gerais (MP) denunciou, por meio da Promotoria da Primeira vara Criminal de Passos, o jornalista Cássio Danilo Caliari por crime de racismo envolvendo funcionário da Sociedade de Assistência ao Menor de Passos (Samp). O jornalista acredita que a denúncia, ainda em fase de inquérito policial solicitado pelo MP, não deve prosperar.

Em seu depoimento prestado ao delegado da Policia Civil, a vítima Adílio de Almeida Filho alega que as ofensas aconteceram quando ele estava a trabalho, vendendo bilhetes da Zona Azul, próximo à Prefeitura Municipal, no centro de Passos.

Caliari teria ficado parado cinco minutos no carro, em uma das vagas destinadas à Zona Azul, usando o aparelho celular, sem se manifestar para pagar o talão. Passado este tempo, o funcionário da Samp teria batido no vidro do carro para avisar sobre a necessidade de haver o pagamento. Neste instante, o jornalista teria descido muito bravo do veículo, pagado a referida taxa e chamado o rapaz de vagabundo diversas vezes. Além disso, em determinado momento, o homem teria gritado “seu negro vagabundo”, fato presenciado por várias testemunhas.

O denunciado negou as acusações, dizendo que apenas chamou o cobrador da Área Azul de mal educado, pois o funcionário da Samp batia no vidro enquanto ele conversava com sua esposa pelo celular. Caliari confirmou que pagou a taxa do estacionamento e que não xingou o fiscal de “negro vagabundo”, o que para ele seria contraditório, uma vez que diz ter um irmão de criação negro.

Segundo o delegado Felipe de Souza, responsável conclusão do inquérito policial, Caliari cometeu crime de injúria racial, cuja pena seria aumentada por ter sido presenciada por várias pessoas.

Na denúncia oferecida pelo MP, o fato foi presenciado por testemunhas, que se comoveram ao ver o estado lamentável em que ficou a vitima após a agressão verbal. De acordo com MP, a vitima teve sua honra atacada na presença de varias pessoas, já que as ofensas foram bradadas em via publica durante o dia, em local de muito acesso.

Outro lado

O jornalista Cássio Caliari disse que a denúncia não deve prosperar, pois ela ainda está em fase de inquérito. “Acredito que o jovem da Samp possa ter se confundido, já que estava mais preocupado em vender seu bilhete do que respeitar alguém que estava ao telefone. Possuo, inclusive, o bilhete da Zona Azul. Mesmo assim, sempre estarei à disposição da justiça para quaisquer esclarecimentos que se fizerem necessários”, afirmou.

Ele argumentou ainda que, caso o MP não saiba, ele tem familiares afro-descendentes. “Vale lembrar que não possuo em minha vida pessoal ou profissional quaisquer antecedentes de atos preconceituosos. Talvez o jovem, impetuoso, no afã de se fazer notar, também não tenha conhecimento de que falsa comunicação de crime também é crime. Conto com a verdade e com o apoio de irmãos por adoção afro-descendentes, cunhadas afro-descendentes e de centenas de amigos afro-descendentes” concluiu.
 

Fonte: Clic Folha 

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