“Escolhi ser o neguinho engraçado para não ser zuado por causa da cor”

 “Na minha infância, pra me defender, eu era o pretinho que ria da própria condição, fazia de tudo pra passar despercebido. Tentava ser incolor. Pelé insiste em dizer que é a melhor forma pra combater o racismo”

Na minha infância, pra me defender, eu era o pretinho que ria da própria condição, fazia de tudo pra passar despercebido. Pra não ser zoado por causa da minha cor, escolhi ser o neguinho engraçado, o moleque que não incomodava e tentava ser incolor.

Não entendia nada sobre racismo, apenas sentia o preconceito e percebia que as pessoas preferiam pretos assim. Eu estava onde achavam que eu deveria estar: sem me conhecer e sem reconhecer os meus.

O rap me tirou desta posição que o Pelé insiste em dizer que é a melhor forma pra combater o racismo.

Esconder a realidade para forjar harmonia é uma arma utilizada por vários grupos da nossa sociedade.

Uns, por falta de informação e conhecimento, utilizam como forma de defesa. Outros, por conhecerem bem as engrenagens que movem o país, utilizam como forma de dominação.

Nada é tratado de maneira mais profunda.

Para a maioria, o racismo tem o poder de existir sem racistas. O racismo sempre está lá fora.

Tente conversar sobre racismo no ambiente de trabalho e verá que muitos apenas vão lutar pra mostrar que não são racistas. Não ser racista é o começo, mas não basta para acabar com o racismo.

Fonte: Pragmatismo Politico

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