MPT e agências fazem pacto pela igualdade racial

No próximo dia 23 de setembro, em São Paulo, o Ministério Público do Trabalho, juntamente com líderes de algumas das maiores agências do Brasil, vão formalizar um pacto para a maior inclusão de profissionais negros no mercado publicitário.

Do Promoview

Foto: Peter Aprahamian/ iStock.

Mais do que isso, a solenidade marca o comprometimento das empresas do segmento com a valorização de diversas iniciativas em um pacto pela igualdade racial.

O documento já foi assinado por Africa, Artplan, BETC, DPZ&T, F/Nazca, FCB, JWT, Leo Burnett Tailor Made, Mutato, Ogilvy, Publicis, SunsetDDB, Talent Marcel, Tribal, WMcCann e Y&R.

Desde o primeiro semestre de 2019, o Ministério Público do Trabalho tem convocado os profissionais dos departamentos de RH e diversidade das agências para reuniões mensais em sua sede, em São Paulo, para debater o assunto.

Mais recentemente, as principais lideranças das empresas foram chamadas para ajudar na construção e consolidação do pacto. O documento também foi assinado pela Associação Brasileira de Agência de Publicidade (Abap) e a Federação Nacional das Agências de Propaganda (Fenapro). A ideia é criar mecanismos para garantir que as agências, CEOs e RHs levem para dentro de casa a questão da inclusão étnico-racial.

Em um processo conduzido por Valdirene Silva de Assis, coordenadora nacional de promoção da igualdade e eliminação da discriminação no trabalho do MPT, as agências que assinaram o pacto serão acompanhadas por dois anos.

No pacto estão previstos pontos como a elaboração periódica de censo de empregados com recorte de raça/cor e gênero e com indicadores de gerência e diretorias, além da divulgação do organograma da agência para todos os colaboradores, com informações de raça/cor e gênero nos cargos. Também estão previstas iniciativas de capacitação e educação das lideranças e recrutadores.

Além disso, outra parte da iniciativa foca o compromisso das agências em ajudar a qualificar jovens negros para desempenhar papéis essenciais nas agências de publicidade. Um projeto piloto do Conexão Negra, neste sentido, aconteceu em junho, em Salvador, no bloco afro Ilê Aiyê. Na ocasião, 400 jovens negros iniciaram um curso de capacitação, realizado pelas próprias empresas de cada segmento em diversas áreas, incluindo publicidade.

A iniciativa na Capital baiana foi comandada pelo MPT e a Caritas Brasileira, entidade de promoção e atuação social que trabalha na defesa dos direitos humanos, da segurança alimentar e do desenvolvimento sustentável solidário.

Para o desenvolvimento do curso de Publicidade, que acaba agora em setembro, diversas agências da região cederam seus profissionais ao projeto, como Morya, Converse, Unica e SLA. De São Paulo vieram profissionais de Y&R, Africa e Mutato para dar aulas.

Por enquanto, segundo um levantamento conduzido pelo Grupo de Planejamento, apenas 13% das agências contam com programas estruturados de inclusão de qualquer natureza (gênero, raça, orientação sexual, entre outras) em suas estruturas.

O estudo foi realizado junto a 78 agências da cidade de São Paulo, de diferentes portes, entre julho e agosto. Mais da metade delas, 53%, disseram não ter qualquer iniciativa relacionada à diversidade e inclusão, e apenas 17% possuem políticas de contratação exclusivas para grupos sub-representados.

Vale lembrar que o Conexão Negra está ligado com um movimento que vai além do mercado publicitário. Ele é fruto de um pacto pela inclusão social de jovens negras e negros no mercado de trabalho de São Paulo criado em maio de 2018 pelo MPT.

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