Mudança do perfil não altera a precariedade do trabalho doméstico

A mão de obra ficou mais velha, escolarizada, escassa e com maiores salários. Porém, a maioria segue sendo mulher, preta ou parda, das classes econômicas mais baixas e sem carteira assinada.

por: Vivian Fernandes

Um lento processo de transformação está alterando o perfil dos trabalhadores domésticos no Brasil. A mão de obra ficou mais velha, escolarizada, escassa e com maiores salários. Porém, a maioria segue sendo mulher, preta ou parda, das classes econômicas mais baixas e sem carteira assinada.

Segundo o instituto de pesquisas Data Popular, a renda média do setor cresceu 43,5% acima da inflação entre 2002 e 2011. No entanto, os domésticos ainda recebem salários abaixo do mínimo, cerca de R$ 508 com carteira assinada, e R$ 351 para os informais – que são 72% da categoria.

Em relação à escolaridade, os números praticamente dobraram. Em 2002, 12,7% tinham feito ao menos uma série do ensino médio; em 2011, 23,3% concluíram o nível. No ensino superior, o índice passou de 0,7% para 1,3%.

A quantidade de domésticos cresceu em proporção menor que a população. O que mostra uma busca por trabalhos em outros setores, principalmente entre os mais jovens, alterando a média de idade de 35 para 39 anos.

Atualmente, são 6 milhões de trabalhadores domésticos no país, sendo mais de 96% mulheres e 62% pretos ou pardos. Tramitam no Senado projetos para garantir aos domésticos os mesmos direitos que os demais trabalhadores. Apenas sete dos 34 direitos constitucionais são assegurados à categoria.

 

Veja Também

A revolução das empregadas domésticas

Fonte:  Radioagência NP

+ sobre o tema

‘Casa Rosa’ vai acolher mulheres com câncer de mama em Santarém, PA

Ideia visa garantir um local a quem não tem...

O racismo diário e invisível

Hoje, dia 21 de março, é o Dia Internacional de...

Calar é preciso

Sem a possibilidade de parar no Dia Internacional da...

Novo eleitor é mulher, negra e tem renda familiar de um salário mínimo, segundo Enem

Dos mais de 147 milhões de eleitores brasileiros, 4,44% votaram...

para lembrar

“O Brasil ainda é extremamente colonial”

Grada Kilomba nasceu em Portugal, cresceu em São Tomé...

Militar que não sabia estar grávida dá à luz no Afeganistão

Britânica só descobriu trabalho de parto ao reclamar de...
spot_imgspot_img

Sueli Carneiro analisa as raízes do racismo estrutural em aula aberta na FEA-USP

Na tarde da última quarta-feira (18), a Faculdade de Economia, Administração, Contabilidade e Atuária da Universidade de São Paulo (FEA-USP) foi palco de uma...

O combate ao racismo e o papel das mulheres negras

No dia 21 de março de 1960, cerca de 20 mil pessoas negras se encontraram no bairro de Sharpeville, em Joanesburgo, África do Sul,...

Ativistas do mundo participam do Lançamento do Comitê Global da Marcha das Mulheres Negras por Reparação e Bem Viver

As mulheres negras do Brasil estão se organizando e fortalecendo alianças internacionais para a realização da Marcha das Mulheres Negras por Reparação e Bem...
-+=