Mulher, negra e feminista: conheça a nova secretária-geral da UNE

Mariana Jorge é estudante de jornalismo da UFBA e assume seu cargo na mesa diretora da entidade na próxima sexta-feira (11)

Por Renata Bars, Da UNE

Foto: Reprodução/UNE

Aos 21 anos, ela é a terceira mulher a frente da União Nacional dos Estudantes e integrante caçula da mesa diretora da entidade. Soteropolitana, negra, feminista e militante das causas LGBT, Mariana Jorge assume a secretaria-geral na próxima sexta-feira (11) ao lado das também nordestinas Jessy Dayane, nova vice-presidenta, e Marianna Dias, presidenta.

Estudante de jornalismo da Universidade Federal da Bahia (UFBA), Mariana diz ter iniciado sua trajetória no movimento estudantil ainda na escola secundária.

” Estudava em um colégio público da Bahia e me envolvi com o grêmio estudantil desde cedo. A partir daí comecei a construir as entidades estudantis secundaristas e organizar uma série de ações pela cidade, como as mobilizações de rua na greve de 2012”, lembrou.

Fã de Baiana System, Criolo, Larissa Luz e Luana Hansen, a nova secretária-geral contou ao site da UNE um pouco da sua história e expectativas para esta gestão.

”É uma gestão que tem o potencial de construir um processo de resistência muito grande, na barrada dos retrocessos e de retomada da democracia pelas mãos da juventude brasileira”, destacou.

Leia na íntegra:

COMO FOI O SEU INÍCIO NO MOVIMENTO ESTUDANTIL?

Iniciei minha trajetória no movimento estudantil ainda secundarista! Estudava em um colégio público da Bahia e me envolvi com o Grêmio Estudantil desde cedo. A partir daí comecei a construir as entidades estudantis secundaristas e organizar uma série de ações pela cidade, como as mobilizações de rua na greve de 2012.

E SUA TRAJETÓRIA? VOCÊ JÁ PARTICIPOU DE DCE, CA OU UEE?

Participei de todas essas entidades. Entrei na UFBA indo direto pra uma eleição do Centro Acadêmico Vladimir Herzog da Faculdade de Comunicação da UFBA (CAFacom – UFBA), da qual saímos vencedoras com uma gestão bem feminista, composta por 7 mulheres e 1 homem. Em 2015, iniciei uma gestão na Diretoria de Combate ao Racismo da União dos Estudantes da Bahia, encerrando ainda esse ano. Nesse meio tempo da gestão, fui eleita para a mesa diretora do DCE da UFBA em 2016, com a gestão Nós Por Nós que ainda está em andamento. Sai da gestão para contribuir agora na UNE.

QUAIS SÃO SUAS EXPECTATIVAS PARA ESTA GESTÃO?

As expectativas são grandes, do tamanho dos desafios que temos. Essa é uma gestão que enfrentará um processo árduo na conjuntura brasileira. A consolidação do golpe acarretou numa série de perda de direitos, concretizados desde a aprovação de reformas que afetam os direitos trabalhistas e a previdência social, até a PEC que congela investimos na educação e na saúde. Essa é uma gestão que tem o potencial de construir um processo de resistência muito grande, na barrada dos retrocessos e de retomada da democracia pelas mãos da juventude brasileira. Nosso horizonte precisa ser de construção de uma plataforma de sociedade alinhado aos interesses do povo e em defesa dos nossos direitos. É por isso que precisamos denunciar a ilegitimidade do governo golpista e exigir as ”diretas já” e ”fora Temer”.

VOCÊ FAZ PARTE DE UMA MESA DIRETORA COMPOSTA SOMENTE POR MULHERES. PARA VOCÊ QUAL A IMPORTÂNCIA DISSO?

É muito importante saudar o avanço da luta feminista na União Nacional dos e das Estudantes. Fizemos um caminho longo, mas conseguimos enraizar o feminismo na UNE. Isso é fundamental pro crescimento da entidade e pra formulação feminista. Ver uma mesa diretora composta só por mulheres é a consolidação desse projeto e é uma grande vitória pro processo de emancipação das mulheres. Vida longa a UNE feminista!

A MESA DIRETORA É COMPOSTA NÃO SOMENTE POR TRÊS MULHERES, MAS POR TRÊS MULHERES NORDESTINAS. O QUE ISSO SIGNIFICA PARA O MOVIMENTO ESTUDANTIL?

Acho que isso é muito importante pra UNE. O nordeste sempre foi um centro forte do movimento estudantil, de resistência e sempre contribuiu para a construção da UNE e das entidades estudantis. Levar essa contribuição pra UNE pelas mãos de três mulheres é fundamental para a representação da região e também uma forma de conseguir enraizar a UNE cada vez mais em cada canto país.

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