A mulher negra e o racismo institucional.

Há diversas pesquisas que confirmam as dificuldades de ser mulher negra no Brasil. O IPEA – Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada indica que elas ganham menos, são maioria entre as que sofrem violência sexual e doméstica, são mais mal tratadas no atendimento público de saúde e também são vítimas seletivas de assassinato.

por Ana Afro

Uma em cada quatro mulheres que deram à luz em hospitais públicos ou privados relatou algum tipo de agressão no parto. Os dados do estudo ”Mulheres brasileiras e gênero nos espaços público e privado“, mostram em escala nacional a incidência dos maus tratos contra parturientes. Xingamentos, recusa em oferecer algum alívio para a dor, realização de exames dolorosos e contraindicados, ironias, gritos e tratamentos grosseiros com viés discriminatório quanto à classe social ou cor da pele foram apontados como tipos de maus tratos sofridos por elas.

O dossiê elaborado pela Rede Parto do Princípio, para a CPMI da Violência contra as Mulheres “Parirás com dor” também relata as inúmeras frases ouvidas pelas mulheres na hora do parto. “Na hora que você estava fazendo, você não tava gritando desse jeito, né?”, “Não chora não, porque ano que vem você tá aqui de novo.”, “Se você continuar com essa frescura, eu não vou te atender.”, “Na hora de fazer, você gostou, né?” “Cala a boca! Fica quieta, senão vou te furar todinha.” Essas frases são repetidamente relatadas por mulheres que deram à luz em várias cidades do Brasil e resumem um pouco da dor e da humilhação que sofreram na assistência ao parto (Transcrito do portal GELEDES).

Essa é uma das cruéis realidades vividas pelas mulheres negras em nosso país racista, machista e tantos istas por ai. Como diz minha parceira de São Paulo, Luzia, nosso Machirracismo e Racimachismo. Poderia escrever um livro sobre o tema, mas como a realidade só muda de endereço, fica a reflexão para quem é de boa vontade, o que não é o bastante, mas já é um começo.

 

Ana Aparecida Souza de Jesus é pedagoga, especialista em Gênero, Raça e Diversidade na Escola (UFMG), ativista do Movimento Negro e da Pastoral Afro Brasileira. É membro do Cicon-GV – Conselho de Integração da Comunidade Negra de Governador Valadares

 

Fonte: Jornal Figueira

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