Mulher negra, formada em moda, consulta vagas de emprego e funcionário público de Joinville avisa: ‘não tem nada para limpeza’

Caso ocorreu em Joinville no Centro Público de Atendimento ao Trabalhador, conforme denunciante de 47 anos, que tem curso superior em Moda. Prefeitura informou que apura o caso.

no G1

Uma mulher de 47 anos denunciou ter sofrido preconceito racial e de gênero no Centro Público de Atendimento ao Trabalhador (Cepat), em Joinville. O boletim de ocorrência foi registrado na sexta-feira (6) na Delegacia de Proteção a Criança, Mulher e Idoso (Dpcami) de Joinville, mas o caso ocorreu no dia 27 de setembro.

Em nota, a prefeitura de Joinville informou ao G1 que “não tolera atos racistas e que o caso será apurado pelo município”.

Renata da Luz conta que, enquanto olhava, por curiosidade, uma lista de oportunidades em um balcão de atendimento do Cepat, um funcionário do local disse a ela, mesmo sem ter sido questionado: “não tem nada para a limpeza”, “não tem nada para a cozinha” e “também não tem nada para costureira”.

Na sequência, ela informou ao funcionário ter nível superior e formação em Design de Moda e Vestuário. Após se sentir ofendida, comunicou a uma de suas professoras de um curso do Cepat, que frequenta como aluna.

Ela ainda procurou o setor de cursos do Cepat e o coordenador pediu desculpas em nome do órgão, conforme relato em boletim de ocorrência. Segundo ela, o Cepat informou que tomaria “providências”.

“Minha cliente chegou aos prantos. Após 47 anos sobrevivendo ao racismo, ela cansou”, disse a advogada Júlia Eleutério, que defende a vítima com a também advogada Ana Paula Nunes Chaves.

Campanha de combate ao racismo

Em nota, a prefeitura informou que o caso foi encaminhado para a Coordenadoria de Políticas para a Juventude, Direitos Humanos e Promoção da Igualdade Racial da Prefeitura de Joinville e para o Conselho Municipal de Promoção da Igualdade Racial (Compir), para que tenham conhecimento e tomem as devidas providências.

Ainda em nota, foi informado que o coordenador de Promoção da Igualdade Racial, Paulo Júnior, diz que a Coordenadoria e o Conselho, estão planejando uma campanha de combate ao racismo neste mês de outubro para evitar este tipo de ocorrência.

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