Mulheres sofrem violência no parto: Veja como indentificar

De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), todas as mulheres têm direito ao mais alto padrão de saúde atingível, incluindo o direito a uma assistência digna durante toda a gravidez e o parto, assim como o direito de estar livre da violência e discriminação. Segundo pesquisa da Fundação Perseu Abramo e SESC, 25% das mulheres que tiveram filhos pelas vias naturais na rede pública e privada sofreram violência obstétrica no Brasil.

no A Tarde

Os abusos, os maus-tratos, a negligência e o desrespeito durante o parto equivalem a uma violação dos direitos humanos fundamentais das mulheres, como descrevem as normas e princípios de direitos humanos adotados internacionalmente. Em especial, as mulheres grávidas têm o direito de serem iguais em dignidade, de serem livres para procurar, receber e dar informações, de não sofrerem discriminações e de usufruírem do mais alto padrão de saúde física e mental, incluindo a saúde sexual e reprodutiva.

O desafio no enfrentamento à violência obstétrica é que ela, em nossa sociedade, é percebida como normal. Algumas mulheres acreditam que o parto é um processo sofrido e, por isso, não se surpreendem quando vivenciam uma experiência ruim. O que elas não sabem é que o parto pode ser uma experiência boa e que é possível mudar este modelo que, às vezes, é ofensivo.

Andressa Santos passou por uma situação de violência obstétrica e, por conta disso, não quer ter outro filho. Ela foi chamada de “mãezinha”, de maneira irônica, quando sentiu as primeiras contrações. “A médica que fez o meu parto começou a gritar, mas eu não tinha mais forças, nem contrações. Fiquei naquela situação por 40 minutos; ela começou a perder a paciência dizendo que se eu não fizesse força o bebê iria morrer ali”.

A esteticista Cida Lameu foi tratada com descaso durante seu parto e quase perdeu o útero por conduta médica inadequada. Por estes e outros casos é importante salientar que, além de ocorrer na hora do parto, a violência obstétrica pode ocorrer durante qualquer momento da gestação, que pode ocorrer também com o bebê e seus familiares e que pode causar danos físicos, psicológicos e sexuais.

“Ir para uma instituição para ter filho e ser desrespeitada é um problema de saúde”, diz a obstetra Suzanne Serruya, diretora da Organização Pan-Americana da Saúde. A Federação Brasileira das Associações de Ginecologia a Obstetrícia publicou que é preciso humanizar o parto e produziu uma cartilha de boas práticas em obstetrícia.

Como identificar

Atendimento de saúde no pré-natal sem acolhimento às necessidades e dúvidas da gestante

Comentários constrangedores à mulher por sua cor,  idade, escolaridade, religião, condição socioeconômica,  situação conjugal etc

Ofensas, humilhações ou xingamentos pessoais ou direcionadas a algum membro da família

Ameaças à mulher em caso de não aceitação de algum procedimento

Infusão intravenosa para acelerar o trabalho de parto (ocitocina sintética) sem informação e concordância da mulher

Realização de intervenções no corpo da mulher sem  consentimento

Direito ao acompanhante negado

Retirada dos pelos pubianos (tricotomia)

Pressão sobre a barriga da parturiente para empurrar o bebê

Ausência de hidratação ou alimentação da parturiente durante o trabalho de parto

+ sobre o tema

O poder da narrativa: O Brasil revisto através dos romances de autoras negras

Através de aulas expositivas, leituras de trechos selecionados de...

Violência doméstica: milhares de russas obrigadas a sofrer em silêncio

Milhares de mulheres na Rússia morrem anualmente em decorrência...

Na lógica de Danuza, proteção pune doméstica

Tal qual os senhores de escravos do século XIX,...

Como responder a uma notificação do Escola sem Partido

Segundo advogados consultados por NOVA ESCOLA, documentos contra suposta...

para lembrar

Encontro discute trajetória das mulheres negras nas universidades

Com o tema Política Institucional das Universidades e a...

Por que os homens não amam as mulheres?

Eva Alterman Blay é professora sênior de Sociologia da...

Não vou dar senha porque não gosto de mulheres negras

Alunas de escola pública sofrem injúria e discriminação racial...
spot_imgspot_img

Prêmio Faz Diferença 2024: os finalistas na categoria Diversidade

Liderança feminina, Ana Fontes é a Chair do W20 Brasil, grupo oficial de engajamento do G20 em favor das mulheres. Desde 2017, quando a Austrália sediou...

Dona Ivone Lara, senhora da canção, é celebrada na passagem dos seus 104 anos

No próximo dia 13 comemora-se o Dia Nacional da Mulher Sambista, data consagrada ao nascimento da assistente social, cantora e compositora Yvonne Lara da Costa, nome...

Mulheres recebem 20% a menos que homens no Brasil

As mulheres brasileiras receberam salários, em média, 20,9% menores do que os homens em 2024 em mais de 53 mil estabelecimentos pesquisados com 100...
-+=