Na delegacia, suspeita de carta racista não responde a nenhuma pergunta sobre o caso

Jane Cordeiro pode responder por injúria racial, racismo e desacato

No Tribuna do Ceara 

Na terceira e última data para depoimento, a mulher suspeita de escrever uma carta racista direcionada a profissionais do Departamento Estadual de Trânsito do Ceará (Detran/CE), Jane Cordeiro Alves, compareceu à Superintendência da Polícia Civil, em Fortaleza, na manhã desta segunda-feira (24). Apesar da presença, a suspeita permaneceu em silêncio. Ela pode responder por injúria racial, racismo e desacato.

A suspeita esteve presente mas reservou-se ao direito de permanecer calada. Acompanhada do advogado, ela não respondeu a nenhuma das perguntas que o delegado Gustavo Pernambuco fez. Para ele, a única certeza que se tem é que Jane Cordeiro foi pessoalmente ao órgão de trânsito entregar a carta, conforme constam nas imagens de segurança. O processo será encaminhado ao Ministério Público.

A carta com xingamentos e ofensas racistas chocou os vizinhos de Jane Cordeiro (cuja assinatura está ao final da mensagem). Alguns a conhecem apenas por nome e ficaram assustados com o teor das ofensas. “Eu não me admiro da atitude dela. Pelo menos aqui, ela não tem um bom relacionamento com a vizinhança, tem gente que só conhece de ouvir falar. Mas eu espero que ela pague pelo que fez, porque a gente não pode ofender ninguém”, afirma uma vizinha que prefere não se identificar.

Carro rebocado e xingamentos

O veículo foi rebocado em 11 de novembro, na Rua Marcos Macedo, no Bairro Aldeota. O carro foi retirado do local, por estar estacionado irregularmente em uma vaga de táxi. Insatisfeita em ter seu veículo rebocado, no dia seguinte Jane Cordeiro foi até a sede do órgão com três cartas na mão, solicitando o nome do motorista do reboque para dar um presente de Natal.

“Agora vou me referir ao da cor da noite sem estrelas, o que estava dirigindo o carro do reboque: hoje tu vive como gente, convivendo com gente, por causa da maldita princesa Isabel. Senão, hoje, tu viveria no tronco, com teus antepassados, levando chicotada nos lombos. Tem inveja de mim porque sou branca, né? Se tu tivesse vivendo na época dos meus bisavós (que eram senhores portugueses, donos de escravos) e dos teus antepassados, hoje tu estaria lambendo o chão que eu piso. Morre de inveja, né, desgraçado, amaldiçoado: tu nunca será como eu. Nunca estará à minha altura”, diz um trecho da carta.

Confira na íntegra:

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