‘Não se trata de rótulo, se trata de identidade’

Casada com a assessora de imprensa Poliana Martins desde 2013, a cantora Ellen Oléria falou sobre orientação sexual. “Me identifico como lésbica. Não se trata de rótulo, se trata de identidade, de discurso”, disse ao site Ego.

Por Ellen Oléria Do Parou Tudo

“Num mundo onde as mulheres são mortas violentamente pelos homens eu me mantenho viva e amo. Enquanto mulher negra e lésbica eu preciso dizer que tenho muita esperança. Acredito que me identificar como lésbica me integra a uma rede complexa de pertencimentos a partir dos afetos”, disse.

E continuou: “Que as pessoas brancas se integrem e se conectem ao debate antirracista com mais responsabilidade e respeito entendendo que o racismo é da conta de todo mundo. Tenho esperança que os homens se aproximem como aliados das mulheres na luta feminista pelo respeito à nossa humanização e pela autonomia de nossos corpos. Tenho esperança que as pessoas heterossexuais se percebam no mundo com mais sensibilidade e para além do fluxo da multiplicação desenfreada e egocêntrica

Para Ellen, o avanço na conquista dos direitos homossexuais é significativo, mas ainda falta muito. “Caminhamos lentamente. E hoje muita gente não sabe que a legislação ainda não nos assiste e tem muitas brechas que permitem que juízes e juízas pelo Brasil se neguem a nos casar. Não temos uma lei que assegure o direito de nos unir civilmente como casal. Ter esse direito é nos assistir socialmente e em juízo pelo nosso amor.”

“Imagine: estar casada me permite assegurar os desejos de minha esposa numa decisão sobre seu corpo em casos de atendimento hospitalar, por exemplo. Isso é sério e é direito nosso”, exemplifica a cantora, que propõe um debate que vai muito além da união entre pessoas do mesmo sexo: “Precisamos de uma lei que criminalize a lesbofobia, a homofobia, a bifobia e a transfobia. Precisamos destituir esse grupo fundamentalista das esferas de poder, precisamos arrancar essa estrutura ignorante e arrancá-los do comando da máquina pública. Eles insistem em limitar nossos direitos como pessoas’, disse.

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