“Não vejo racismo em propaganda de azeite”, diz líder negro

Ana Cláudia Barros

O coordenador nacional da União de Negros Pela Igualdade (Unegro), Jerônimo Silva Júnior, viu exagero na suspeita de racismo na propaganda do azeite Gallo que diz: “O nosso azeite é rico. O vidro escuro é o segurança”.

A peça, criada no ano passado pela agência AlmapBBDO para apresentar a nova embalagem do produto, será julgada pelo Conar – conselho responsável pela regulamentação da publicidade -, conforme noticiou a coluna Mônica Bergamo, da Folha de S. Paulo. O julgamento está previsto para o início de março, segundo informou a assessoria de comunicação do conselho a Terra Magazine.

– Não vi nada demais. Não vejo conotação racista. É só humor mesmo. Até porque, fala do escuro, não fala do negro, da raça – enfatizou Silva Júnior.

Para ele, o vidro escuro, cuja finalidade é proteger o produto da oxidação provocada pela luz, foi associado aos seguranças devido à cor das roupas usadas por estes profissionais.

– Eles vestem roupas escuras, independentemente de o segurança ser branco ou negro. Acho que precisamos ter cuidado com as nossas ações, para não banalizar as nossas reivindicações – argumentou.

Denúncia de um consumidor

De acordo com a assessoria do Conar, a denúncia foi feita por “um consumidor” que se incomodou com a propaganda – o órgão não aceita reclamações anônimas. O conselho considerou que a solicitação tinha fundamento e, com base nos artigos 19 e 20 do Código Brasileiro de Autorregulamentação Publicitária, abriu um processo.

O artigo 19 diz que: “toda atividade publicitária deve caracterizar-se pelo respeito à dignidade da pessoa humana, à intimidade, ao interesse social, às instituições e símbolos nacionais, às autoridades constituídas e ao núcleo familiar”. Já o artigo 20 destaca que “nenhum anúncio deve favorecer ou estimular qualquer espécie de ofensa ou discriminação racial, social, política, religiosa ou de nacionalidade”.

 

 

Fonte: Terra

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