Negros foram os que mais morreram por Covid em São Paulo, diz estudo

Grupo também foi o mais afetado por ações de despejo, segundo levantamento do Instituto Pólis

Uma pesquisa do Instituto Pólis mostra que a população negra e as famílias chefiadas por mulheres com renda de até três salários mínimos em São Paulo foram as mais afetadas com ações de despejo na pandemia, e também as que mais morreram por Covid-19.

LUPA 

O estudo cruzou dados do Observatório de Remoções da USP com as taxas de mortalidade por Covid na capital entre 2020 e 2021, e com informações do Censo Demográfico do IBGE de 2010.

IN LOCO 

A região central e as periferias da cidade aparecem nos dois mapas: é onde mais acontecem ações de despejo e onde os óbitos por Covid são proporcionalmente maiores. O Supremo Tribunal Federal (STF) proibiu desocupações durante a pandemia —medida que vale até a próxima quinta (31). Ainda assim, o Observatório da USP mapeou 794 casos durante o período, que foram contabilizados no estudo.

RISCO 

“Mesmo em meio à pandemia, em que a moradia é uma estrutura básica para a adoção de medidas de prevenção sanitária, essas famílias seguem ameaçadas de despejo”, afirma o instituto, que defende a prorrogação da decisão.

CAMADA 

Nas áreas mais afetadas (centro e periferias), os negros representam 47,3% do total de mortos. A taxa está dez pontos percentuais acima da representatividade deste grupo na cidade: 37% da população de São Paulo é negra. O grupo também corresponde a mais da metade (51,8%) dos casos de despejos.

CAMADA 2 

Já as famílias chefiadas por mulheres com renda de até três salários mínimos representam 27,8% dos óbitos por Covid —quando correspondem a 23,4% da população da cidade. Além disso, foram vítimas de 27,9% dos casos de desocupações.

PANORAMA 

Para o instituto, o levantamento mostra “que há camadas de vulnerabilidade socioeconômica nos territórios mais sujeitos às remoções”. A entidade diz ainda que os despejos representam não só uma ameaça individual à saúde das pessoas, mas também podem potencializar novas cadeias de contágio pela cidade.

+ sobre o tema

Hepatite C: Nova terapia chega ao SUS até outubro. “Sucesso é superior a 90%”, comemora Evaldo Stanislau

Como repórter especializada em saúde, acompanho a epidemia de...

Hipertensão: um alerta

Manter a pressão abaixo de 14 – isso basta?...

Com provável contágio sexual nos EUA, zika exige ‘prevenção máxima’, diz infectologista

“Não podemos aguardar um corpo robusto de dados para...

Ainda o Aborto, por Sueli Carneiro

No artigo "Redução de danos" (AOL Notícias), Renato Janine...

para lembrar

Pandemia desencadeou tsunami de ódio e ONU pede que líderes mostrem exemplo

Num alerta com forte tom de desespero, o secretário-geral...

Paremos, porque a vida não pode parar

O contexto imposto pela pandemia de covid-19 me faz...

Não há ‘novo normal’ para quem não tem nem o normal, diz líder comunitário

"Não existe Morumbi bom com Paraisópolis ruim. Não existe...
spot_imgspot_img

Brasil e EUA voltam a articular plano contra discriminação racial; veja como funciona o acordo entre os países

O Brasil e os Estados Unidos promoveram a primeira agenda entre congressistas e a sociedade civil desde a retomada do acordo de cooperação bilateral...

Adaptação às mudanças climáticas para população negra 

A agenda de adaptação às mudanças climáticas ficou em segundo plano nas negociações e agendas nacionais. Mas o ano de 2023 ativou um gatilho...

Negros são maioria entre presos por tráfico de drogas em rondas policiais, diz Ipea

Nota do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) mostra que negros são mais alvos de prisões por tráfico de drogas em caso flagrantes feitos...
-+=