“Ô dó!”: sobre o sentimento de pena da branquitude diante da nossa dor
Dissimular uma aparente simetria na sociedade, ignorando desvantagens estruturais e desigualdades que, de tão profundas, saltam aos olhos é um arranjo bastante comum para a permanência do status quo em uma sociedade supremacista branca. Embora uma parte da branquitude repudie veementemente o racismo – leia-se injúria racial e atos de ofensa – a própria ideia de superioridade racial, o “gene” defeituoso no organismo do ser social branco, é pouquíssimo confrontada. Nossas dores não geram necessariamente empatia na branquitude, afinal nunca fomos suficientemente humanos na construção do seu olhar sobre os nossos corpos e nossa existência. No entanto, uma análise desta relação prescinde uma compreensão do próprio conceito de branquitude e de como o sistema de dominação racial sustenta a auto-imagem das pessoas brancas, sobretudo, das classes privilegiadas. Para fins didáticos, faremos uma analogia da sociedade brasileira com a forma de um iceberg, considerando que o mito da democracia racial seria ...
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