Diversidade não deveria que ser tão relacionada à política, apesar da necessidade, porque é uma questão de representatividade. Negros na propagada não deveriam ser lidos como cotistas, dentro de um plano de ações afirmativas. Números não mentem e nós negros somos a maioria da população, portanto deveria ser normal ter mais negros nas propagandas. É coerente.
Por Silvia Nascimento Do Mundo Negro
No entanto, quando vemos negros e negras em campanhas de grandes marcas, celebramos e agradecemos as marcas por nos representar. Oras, eles estão fazendo o que a maioria dos competentes publicitários do planeta fazem, que é olhar o mundo fora da sua caixinha, fora do seu círculo social e familiar, sem filtro e com senso de realidade se apoiando em dados estatísticos e obviamente, visando o lucro.
Os nossos publicitários das grandes agências que são tão bem-nascidos e viajados, amantes das novas tendências, deveriam se inspirar na Apple para o lançamento das suas campanhas. A empresa dos EUA, país com apenas 13% de negros na população fez hoje (7 de setembro), a apresentação do iPhone7 e iPhone7plus, na minha opinião, o melhor celular do mundo. As fotos e vídeos de um dos eventos mais aguardados pelos amantes da tecnologia, que inclui a atualização de outros produtos da marca, tinham mais negros do qualquer comercial de produtos populares aqui no Brasil.
O Twitter foi uma das redes sociais que repercutiu e elogiou as a inserção de pessoas não brancas em quase todas as fotos que apareciam no palco.
Mas essa diversidade não é superficial. Em agosto desse ano, Apple divulgou dados sobre o programa de diversidade dentro da empresa e o número de mulheres, negros e hispânicos aumentou. Essas minorias étnicas (sim, nos EUA são minorias), saltaram de 21% do quadro de funcionários em 2014 para 27% em 2016. Negros compõe 8% dos cargos ligados diretamente à tecnologia e 3% em cargos de liderança.
Não é esmola, não é favor. Apple é uma das marcas mais bem sucedidas do mundo por levar a questão de globalização e diversidade muito a sério. Não é ação de marketing, que pós tendência de valores inclusivos, volta ao “normal”, é um movimento lúcido de quem vê o mundo da forma que ele realmente é, plural em todos os aspectos.
A marca americana vai lucrar muito por sua tecnologia de vanguarda, mas principalmente por entender o que as pessoas querem, estar atenta ao que elas são e como querem ser representadas por eles.
Um dos produtos mais celebrados durante o evento teve um negro como modelo, Wireless AirPods , fones de ouvido sem fio. Afinal, nós sabemos e eles sabem, que negros também gostam e desfrutam de tecnologia, tudo varia de acordo com o bolso, mas gostamos sim.
Confira o vídeo da campanha.