Um email nesta sexta-feira enviado pela direção da escola dos meus filhos, em Nova York, me deixou alarmado e, ao mesmo tempo, me despertou para o fato de que a vitória de Donald Trump abriu uma temporada do ódio com o potencial de abalar famílias e uma sociedade.
Na mensagem, o colégio avisada que vários alunos receberam notificações em seus telefones indicando que a escravidão estava voltando e convocando-os para se apresentar para “colher algodão”.
As mensagens, de forma surpreendente, são direcionadas nominalmente ao dono do celular e assinadas: “um eleitor de Trump”.
“Ficamos profundamente tristes ao saber que alguns de nossos alunos foram vítimas desses textos anônimos, e também preocupados com a possibilidade de eles terem sido recebidos por pais ou funcionários do colégio”, afirmou o email do colégio. “Essas mensagens inaceitáveis são altamente perturbadoras e podem desencadear sofrimento emocional”, alertou.
O que aconteceu na escola dos meus filhos não é um caso isolado. Pelos EUA, negros de diversos estados foram surpreendidos com a mensagem em seus celulares nos últimos dias.
No texto, eles são supostamente informados de foram “selecionados” para colher algodão e que precisavam se apresentar na “plantação mais próxima”.
Os porta-vozes do presidente eleito insistiram que sua “campanha não tem absolutamente nada a ver com essas mensagens de texto”. Mas o FBI abriu investigações.
Para a uma das maiores entidades de combate ao racismo nos EUA, a National Association for the Advancement of Colored People (NAACP), mesmo que a campanha de Trump tente se afastar do episódio, o desafio é de ter eleito um movimento que incentiva ataques racistas.
“A infeliz realidade de eleger um presidente que historicamente abraçou e, às vezes, incentivou o ódio, está se desenrolando diante de nossos olhos”, disse o presidente da entidade, Derrick Johnson.
“Essas mensagens representam um aumento alarmante na retórica vil e abominável de grupos racistas em todo o país, que agora se sentem encorajados a espalhar o ódio e alimentar as chamas do medo que muitos de nós estamos sentindo após os resultados das eleições de terça-feira”, afirmou.
Além de pessoas de estados como Alabama, Carolina do Sul e Geórgia, os textos chegaram até universidades historicamente negras nos EUA.