O sambista Neguinho da Beija-Flor voltou a comentar a morte do seu neto, Gabriel Ribeiro Marcondes, de 20 anos, que morreu ao ser baleado junto com mais três pessoas em um baile funk em Nova Iguaçu, na Baixa Fluminense, Região Metropolitana do Rio de Janeiro. Neguinho associou a perda ao racismo no Brasil e relatou que pretende ver sua filha estudando fora do país.
O intérprete e compositor de sambas memoráveis da Beija-Flor ainda relatou casos de racismo que aconteceram com ele em viagens de avião.
“No avião já teve pessoas que trocaram de lugar. Foi lá e cochichou com a comissária se não tinha outro lugar. Você vê que o cara vai ali na viagem o tempo todo do meu lado mal-humorado”, contou Neguinho em entrevista ao “Altas Horas”, da TV Globo.
O sambista também aproveitou para esclarecer declarações que fez logo após a morte do neto, há cerca de dez dias, quando disse que ia deixar o Brasil.
“Eu amo o Brasil, não estou querendo ir para Portugal ou Itália, que tenho amigos na Itália”, disse o sambista, completando que a intenção é que sua filha caçula, de 12 anos, possa estudar fora do país.
“Vou atender aqui um pedido da minha esposa, quero a nossa filha estudando fora”, afirmou. “Infelizmente, criar filho no Brasil com essa violência, principalmente sendo negro. Eu já tive um filho baleado na porta da faculdade há 20 anos”, lembrou o sambista.
Neguinho deu exemplos de como o racismo ainda é presente no país. “Uma blitz, né, na esquina tem dez parados, um é pretinho, é a primeira coisa onde a blitz vai atingir, depois vai revistar os outros”, exemplificou o sambista.
O neto de Neguinho morreu em 18 de outubro enquanto montava uma tenda para um baile funk no Morro da Bacia. Segundo o sambista, Gabriel trabalhava com montagem de eventos.
A versão da PM (Polícia Militar) para o ocorrido é de que agentes foram recebidos a tiros por participantes da festa quando foram até o local para checar uma denúncia sobre o evento, que bloqueava a rua e não tinha autorização para acontecer.
Fonte: UOL