Nem pense em me matar

Segunda Dona Maria
Terça, Isabela
Quarta, a Zumira
Quinta a Dona Eva
Sexta, a Daiana
Sábado, Dona Ana
No Domingo é sua vez
Em minutos Dona Vanda
No próximo segundo dessa fala
Uma Mulher Indigena
Preta
Trans
Lesbica
Quilombola
Militante
Mãe de Santo
Será assassinada
Estrangulada
Decapitada
Esfaqueada
Esquartejada
Na rua, nas favelas
No beco, nas vielas
Na vala
Dentro da sua própria casa
Pari
Limpa
Lava
Passa
Deixa isso no passado
Nós não vamos mais carregar no colo
O peso do seu patriarcado
Deixa nosso corpo
Solto
Livre
Exposto
Destemido
Se expressar
Tira sua mão suja da minha boca
Porque agora eu vou gritar
E não é “para” quando você tentar me Estuprar
Me assediar
Meu coquetel de palavras seu macho escroto
Cê vai ter que aguentar
Diz que feminismo é mimimi
Vai pro PUTO que te abortou com seu BLA BLA BLA
Acha que tô sempre sozinha?
Melhor se readaptar
Por que nada vai nos deixar inerte
Somos sementes Marielle
Somos filhas de Dandara
Do dialeto Yorubá
Dendezera de Aruanda
Filhas de Iansã, Oxum e Oxalá
A primavera há de chegar
Pra ecoar o nosso grito feminista
Ainda que muito das nossas desista
E pra soprar o vento desses novos ares
Eu invoco aqui Elza Soares pra resistir
“a mulher de dentro de mim prendeu seu carrasco”
Eu não vou sucumbir. Eu não vou sucumbir”.
Kika Souza , 2021.

** ESTE ARTIGO É DE AUTORIA DE COLABORADORES OU ARTICULISTAS DO PORTAL GELEDÉS E NÃO REPRESENTA IDEIAS OU OPINIÕES DO VEÍCULO. PORTAL GELEDÉS OFERECE ESPAÇO PARA VOZES DIVERSAS DA ESFERA PÚBLICA, GARANTINDO ASSIM A PLURALIDADE DO DEBATE NA SOCIEDADE. 

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