No Brasil, africanos sofrem racismo e perseguição da polícia

São raros os empregos para os imigrantes africanos, além de conviverem com a perseguição da Polícia Federal.


O Instituto do Desenvolvimento da Diáspora Africana no Brasil (IDDAB), através de Carmen Victo Silva, afirmou ao site O Mirante que mesmo os africanos com curso superior não conseguem trabalho de boa remuneração.

“A questão racial é o primeiro obstáculo para os africanos no Brasil”, disse Carmen. “criam-se outras barreiras, aparentemente burocráticas, que não existem ou são relativizadas para outros grupos populacionais”, denuncia.

O IDDAB é uma organização não-governamental criada em São Paulo há cinco anos, e dá apoio aos imigrantes africanos, bem como aos haitianos.

Carmen afirmou, ainda, que “existem ‘estrangeiros e estrangeiros’”, se referindo ao tratamento dispensado aos demais estrangeiros que vem ao Brasil em busca de empregos e habitação. “O imigrante europeu, por exemplo, é tido sempre como um trabalhador qualificado”, conclui.

O preconceito já demonstrado por uma série de empresas na hora da contratação, aponta os africanos como desqualificados, ilegais e envolvidos em práticas delitivas, como o tráfico de drogas. Sendo que a realidade é justamente o oposto: o maior número de imigrantes presos por tráfico de drogas no Brasil é de europeus.

Um dos exemplos do racismo contra africanos é de um jovem congolês, filho de um diplomata, que conseguiu o visto de residência no Brasil, mas preferiu imigrar para o Canadá por não conseguir trabalhar (licenciado em medicina na Rússia) no país.

As maiores facilidades apontadas por Carmen no tocante à imigração é detida por portugueses, depois se destacam os chineses, os americanos e os espanhóis.

Polícia Federal no encalço

O tratamento diferenciado para o africano começa já no recebimento dentro das dependências dos serviços de imigração, que possuem toda uma abordagem diferenciada para africanos e com maiores poderes punitivos.

Os imigrantes haitianos também não são tratados de forma receptiva pelo governo brasileiro. Desde o terremoto que assolou o país, vários foram os haitianos que buscaram no Brasil uma vida melhor, mas que, hoje, estão servindo mão de obra escrava, sem documentos ou a garantia de estadia no país.

Mesmo diante desses fatos, a Polícia Federal realiza o desserviço de tornar a vida do imigrante ainda mais difícil no Brasil.

Uma operação da Polícia Federal (PF), no centro de São Paulo, no ano de 2012, rodeada de espetáculos e flashes da imprensa burguesa, foram presos cerca de 600 africanos. Contudo, uma sul-africana branca foi abordada pela polícia, mas não foi levada para as instalações da PF.

Carmen afirma que tem “vergonha do comportamento das autoridades do meu país, em como trata os imigrantes e pela falta de uma política específica para o atendimento destas populações”.

A vida da população africana no Brasil se equivale (e muitas vezes é pior) que a do negro brasileiro. Da mesma forma, o povo negro sofre com o desemprego, salários abaixo do mínimo oficial e repressão policial, mostrando que o racismo segue a todo vapor em terras brasileiras, ao contrário do que tenta provar a imprensa burguesa.

 

 

 

Fonte: Diário Liberdade

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