Até o jaleco já mudou de cor – por George Oliveira

Esse vídeo chamou atenção para um velho assunto que, infelizmente, ainda é bastante atual.

Vamos assistir e ver se você consegue perceber?

Vídeo 1:

Me considero bastante otimista e sempre fico numa expectativa enorme para ser atendido por um/uma dentista negro/negra. O que para muitos não faz diferença alguma, tem um significado enorme para um militante do movimento negro que segue na luta pelo fim das desigualdades sociorraciais. Faço uma analogia às mudança que os jalecos sofreram e deixaram de ser apenas “brancos”. Sonho com o dia em que será possível falar isso sobre os dentista ?

Algumas pessoas já devem ter acompanhado, através das redes sociais, o meu “dilema” em encontrar um dentista negro/a na Cidade de Salvador.

dentistanegro

Existem, são raros e quase ninguém sabe onde atendem. Quando conseguimos um não é da especialidade que desejamos/precisamos ou não atendem o plano de saúde tal. Enfim, temos tão poucos dentistas negros, nesta cidade tão negra que a exceção só confirma a regra.

Não me venha com aquele velho papo de que o curso de odontologia é caro, que tem livros caros, congressos num sei onde. Muito menos que os dentistas herdaram clientes e consultórios de seus pais e familiares. Isso não me convence mais! Também não acredito que “ser dentista” seja algo que esteja na genética uma única etnia. Precisamos influenciar/formar/transformar as atendentes e recepcionistas dos consultórios de odontologia, quase todas mulheres negras, para que assumam a profissão de dentista.  

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Como se não bastasse essa invisibilidade que atribui ao racismo e não à nossa incapacidade intelectual, a população negra, maioria do país, não se vê na mídia entre as propagandas de produtos que promovem a saúde bucal. Uma sociedade que se diz “democrática racialmente” mas consegue com bastante eficácia manter a maioria da população no des/sub emprego. As cotas estão aí para mudar essa realidade. Vamos sair das exceções e passar a ser a regra, uma representatividade equânime à que temos na nossa população.

Antes de continuar faço um convite para assistir esse vídeo de apenas 30 segundos:

Vídeo 2: 

Em 2010 enviei a seguinte mensagem por email para o SAC (Serviço de Atendimento ao Cliente):

“Porque não compro Colgate:

Em repúdio à campanha lançada pela Colgate em que são apresentados vários tipos de dentistas e não percebemos um único dentista negros.

Vale ressaltar que dados do IBGE demonstram que cerca de 50% da população brasileira se auto-declara (preto ou pardo). Para fins estatísticos, o IBGE considera negros os que se declaram pretos e pardos.”

A resposta pronta que me enviaram foi a seguinte:

“É com grande satisfação que registramos o contato realizado com a COLGATE-PALMOLIVE, através do Centro de Atendimento ao Consumidor.

Temos como objetivo criar anúncios positivos e interessantes, visando a satisfação do consumidor, sem, no entanto, contrariar os objetivos estabelecidos pela Empresa. Por outro lado, como no processo de crescimento do trabalho que levamos a efeito a reavaliação é um item constante, enviaremos seus comentários ao Departamento de Promoção e Merchandising para que aprecie a pertinência de suas observações.
Finalizando, agradecemos sua atenção e achamos útil lembrar que permanecemos à disposição para quaisquer informações adicionais, críticas ou sugestões.”

Dentistas negros são tão raros quanto encontrar aeromoças negras no avião (e não só durante a madrugada nos balcões de atendimento do aeroporto). Existem leis, as empresas não cumprem, quando tentamos sensibilizá-l@s, não tão nem ai. Que tal fazer um boicote? Eu não compro em empresas racistas e você? Talvez a ameaça de reduzir as vendas faça com que vejam @s negr@s como consumidores.

dentistanegra

Caso conheça algum/a dentista negra/negro favor deixar os contatos (nome, cidade e telefone) no comentário. Vamos quantos conseguimos listar.

Onde estão os/as (poucos) dentistas negras/os ?

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Fonte: Correio Nagô

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