Trancista Gabriela Azevedo perdeu a conta de quantas vezes perguntaram se ela lava o cabelo: ‘Preconceito só acaba com informação’
Por Marcia Disitzer, Do O Globo
Gabriela Azevedo, de 32 anos, é trancista desde os 16 anos. Natural de Brasília, ela se jogou cedo na vida. Aos 18, já trabalhava num salão afro no Distrito Federal; aos 20, abriu o seu próprio espaço e se casou. Um ano depois, foi mãe do primeiro filho, Luther. Depois vieram Malcom e Mateus. Morando e trabalhando no Rio desde 2012, está grávida novamente, mas ainda não sabe o sexo do bebê.
— Se for menina, vai se chamar Marielle — diz.
Foi por causa de uma depressão pós-parto, que teve depois do nascimento de Mateus, que Gabriela decidiu compartilhar seu conhecimento criando o projeto TrançAção, braço social do Centro Técnico Trança Terapia, também fundado por ela. A iniciativa ensina mulheres a fazer tranças e trabalha a autoestima. A próxima turma será aberta no dia 3 de maio, em Campo Grande (inscrições pelo e-mail [email protected]até o dia 18):
— O curso gratuito é voltado para mães solo, a partir de dois filhos, jovens e mulheres com mais de 65 anos. Passei por uma separação e tive depressão depois do nascimento do Mateus. Só consegui vencer as dificuldades que tive por ter uma profissão — conta Gabriela.
Segundo ela, a trança é um código.
— Em cada lugar, tem um significado. No Brasil de hoje, a trança é um símbolo de resistência. Depois de tanta luta, estão aceitando a cultura afro. Trabalho com diversos tipos: box braids, twist e nagô.
A trancista também lembra de várias situações de preconceito.
— Perdi a conta de quantas vezes me perguntaram se lavo o meu cabelo. O preconceito só acaba com a informação.