No mês da Consciência Negra, Contos negreiros do Brasil realiza temporada especial por cidades do Rio de Janeiro e São Paulo

Com texto de Marcelino Freire, espetáculo desconstrói o mito da democracia racial e apresenta a realidade enfrentada pela população negra

no Sopa Cultural

Contos Negreiros do Brasil – foto: Leticia Godoy

O estudante, o gay, o menor infrator, a prostituta e a idosa. Em comum, a cor da pele. São todos negros. Esses personagens ajudam a traçar o panorama histórico-social do projeto “Contos negreiros do Brasil”, um espetáculo-documentário sobre a condição de homens e mulheres cuja pele escura determina a maneira como são vistos, retratados e julgados pela sociedade. Desde a estreia, em maio de 2017, a peça com texto de Marcelino Freire e direção de Fernando Philbert acumula elogios e olhares atentos do público e da crítica. Mexe numa ferida que muitos, ingenuamente, julgavam cicatrizada. Aborda as dores e os medos de parte tão expressiva da população, mas não se esquece também de suas paixões, desejos e alegrias.

“Contos negreiros do Brasil” faz uma temporada especial, com apresentações espalhadas por cidades do Rio de Janeiro e de São Paulo. Começa no dia 03, em Madureira, e termina dia 01 de dezembro, no Sesc São Gonçalo (abaixo, a lista completa).

“Ser negro é ver as madames esconderem a bolsa ao te ver. É chegar a um prédio e te mandarem entrar pelos fundos, mesmo se você veio comprar ali um apartamento. É preciso falar, pois os açoites agora são as balas da polícia. São as faculdades se fechando. São as loucuras, os presídios, a solidão”, ressalta Philbert sobre a urgência do projeto.

O espetáculo traz à cena histórias contidas no livro de Marcelino, “Contos negreiros”, mas mistura à ficção estatísticas que dimensionam a realidade experimentada por 54% da população brasileira. Os dados são apresentados pelo ator, sociólogo e filósofo Rodrigo França. “A peça não tem filtro. Tem a poesia do Marcelino, mas nem aí existe um romantismo. As coisas são ditas como elas são. Por outro lado, os números ajudam a refletir sobre o que é dito. O público sai consciente de que não há como negar o racismo”, reforça.

A desigualdade é exposta por meio de informações consistentes e atuais, fruto da pesquisa feita por França: “Mulheres negras recebem duas vezes menos do que as brancas. São também as que mais sofrem violência obstétrica. Isso sem contar que, dos 30 mil jovens assassinados por ano no Brasil, 77% são negros”.

Assim, parte da missão do espetáculo, ao desconstruir o mito da democracia racial, é expor a carne negra a partir de experiências reais, sociais e culturais. “Há uma falsa ideia no Brasil de que tirar uma mazela de baixo do tapete fará com que ela aumente. Precisamos conversar sobre ela. Isso, sim, pode salvar o país”, defende França, que entende a peça como parte de uma retomada do teatro negro brasileiro.

Serviço das apresentações

Sesc Madureira – Rio de Janeiro

Dia 03 de novembro, às 19h.

Ingressos: Grátis (habilitados Sesc e PCG), R$ 5 (meia-entrada previstas em lei ou classe artística, mediante apresentação de registro profissional, e doação de 1kg de alimento)  e R$ 10.

Lotação: 114 pessoas

Funcionamento da bilheteria: Terça a sexta-feira, das 8h às 20h. Sábado e domingo, das 10h às 17h

Endereço: Rua Ewbanck da Câmara 90, Madureira – (21) 3350-8055.

 

SESC Ribeirão – São Paulo

Dia 07 de novembro.

Endereço:  Rua Tibiriçá 50, Centro – (16) 3977-4477.

Preços e horários pelo https://www.facebook.com/contosnegreirosdobrasil/

 

SESC Piracicaba – São Paulo

Dia 08 de novembro.

Endereço: Rua Ipiranga 155, Centro –  (19) 3437-9292.

Preços e horários pelo https://www.facebook.com/contosnegreirosdobrasil/

 

SESC São José dos Campos – São Paulo

Dia 09 de novembro.

Endereço:  Avenida Dr. Ademar de Barros 999, Jardim São Dimas – (12) 3904-2000.

Preços e horários pelo https://www.facebook.com/contosnegreirosdobrasil/

 

SESC Santo André – São Paulo

Dia 10 de novembro.

Endereço: Rua Tamarutaca 302,  Vila Guiomar – (11) 4469-1200.

Preços e horários pelo https://www.facebook.com/contosnegreirosdobrasil/

 

UFF Niterói – Rio de Janeiro

De 16 a 18 de novembro.

Endereço: Centro de Artes UFF. Rua Miguel de Frias 9, Icaraí – (21) 3674-7515.

Preços e horários pelo https://www.facebook.com/contosnegreirosdobrasil/

 

Festival Feira Preta – Teatro Municipal de São Paulo

Dia 20 de novembro.

Endereço: Praça Ramos De Azevedo s/nº, República – (11) 4571-0401.

Preços e horários pelo https://www.facebook.com/contosnegreirosdobrasil/

 

SESC Ramos – Rio de Janeiro

Dia 23 de novembro.

Endereço: Rua Teixeira Franco 38, Ramos – (21) 2290-4003.

Preços e horários pelo https://www.facebook.com/contosnegreirosdobrasil/

 

SESC Paraty – Rio de Janeiro

Dia 25 de novembro.

Endereço:  Rua Santa Rita 134-156, Centro Histórico – (24) 3371-4516.

Preços e horários pelo https://www.facebook.com/contosnegreirosdobrasil/

 

Lençóis Paulista – São Paulo

Dia 29 de novembro.

Endereço: Rua Cel. Álvaro Martins, 790 – Centro, Lençóis Paulista

Preços e horários pelo https://www.facebook.com/contosnegreirosdobrasil/

 

SESC São Gonçalo – Rio de Janeiro

Dia 1º de dezembro

Endereço: Av. Pres. Kennedy, 755 – Estrela do Norte, São Gonçalo – (21) 2712-3282

Preços e horários pelo https://www.facebook.com/contosnegreirosdobrasil/

Ficha técnica

Texto: Marcelino Freire
Direção: Fernando Philbert
Direção Musical: Maíra Freitas
Elenco: Marcelo Dias, Rodrigo França, Milton Filho e Valéria Monã
Cenário e Figurino: Natália Lana
Iluminação: Vilmar Olos
Pesquisa/Texto Descritivo e Iconografia: Rodrigo França
Pesquisa de Cânticos e Idioma Yoruba: YaEreluLola Ayonrinde, Babalorixá Anderson Soares Conceição, Babá Tebeşé Bruno Henrique Silveira Macedo e Professor Fábio França
Assistente de Direção: Mery Delmond
Diretor de Cena: James Simão
Operador de Luz: Pedro Carneiro
Cenotécnico: André Salles e Equipe
Costureira de Figurino: Zilena Costa
Contabilidade: TA Consultoria e Assessoria Financeira Contábil
Direção de Produção: Sergio Canízio
Realização: Diverso Cultura e Desenvolvimento

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