Nzinga Mbandi encanta estudantes brasileiros

Agora como um novo pseudo-retrato do pintor francês, Henri Galeron, na obra de Patrícia C. McKissack, intitulada “Nzingha, Warrior Queen of Matamba, Princess Diaries”, lançada recentemente, Nzinga continua a mexer com os estudantes da Universidade de São Paulo.

O interese expandiu-se há dias, pelas redes sociais, a partir da Universidade de São Paulo, numa iniciativa do Professor Maurício Waldman, especialista das questões ligadas ao racismo ambiental.

A ilustração representa a filha de Guenguela Cacombe, na sua adolescência, entre 1595 e 1596.

A autora cuidou de criar uma jovem graciosa com a sedutora maquilhagem afro-americana e o charme do “ebony style”.

Patrícia C. McKissack fixou, bem voluntariamente, esta fascinante elegância por se tratar de um dos grandes rostos que marcaram significativamente, a história de África, dos últimos séculos; a inédita “Dupla Monarca soberana do Ndongo, em 1623, e a partir de1630, da Matamba.

RECONSTITUIÇÃO ROMANESCA

Nzinga Patricia-C-McKissack

Com esta iniciativa de valorizar as Figura das Mulheres na História de África, a tenaz comunidade melano-africana nos Estados Unidos da América, apressou-se a assumir plenamente, nos seus antecedentes de origem, a longa e exemplar resistência desta extraordinária personagem.

Atento ao pormenor, o historiador e perito da UNESCO, Simão  Souindoula,  referiu que os extractos da epopeia de “Ngola” estão invariavelmente apresentados em vários museus de raiz afro-americana tal como o Museu Du Sable de Chicago, onde está exposto um pseudo-retrato da filha adolescente de Kenguela-ka- Nkombe.

Quanto ao Museu de Jamestown, na Virgínia, adiantou que foi reproduzido e  introduzido numa das suas galerias, uma réplica da estátua da “Kiluanje”, a do Kinaxixi.

Ao nível da produção literária, o académico disse destacar-se o referido romance de McKissack, numa centena de páginas. O livro tem a particularidade de colocar a trama da reconstituição romancesca sobre a princesa de Kabasa, durante dois anos, período crucial, da puberdade da futura soberana.

A autora desenvolve a história da já temerária “jaga” em pequenos capítulos, permitindo assim, uma leitura agradável e africana do romance, com uma evolução cronológica ligada a  “Mbangala”, a estacão seca das ervas queimadas e a  lua cheia.

REENCARNAÇÃO

Escrito sob a forma de um Jornal intimo, sob pela pena da jovem princesa, o livro dá conta da sua visão  da situação política do seu país e dos territórios vizinhos, uma dezena de anos após a ocupação pelos portugueses, de uma parte do Reino e a criação, subsequente, forcada, sobre esta terra, da Colónia de Angola, de onde partira a expansão mercantilista lusitana das regiões oeste da África central.

Encontram-se ainda detalhes sobre vários aspectos da vida da adolescente tais como relações com o seu pai, Kiluanji, o seu relacionamento com os outros membros da sua família, a sua sede pelo saber, a sua formação no domínio dos provérbios, a sua aprendizagem a ajustar flechas, o conhecimento das plantas curativas, as consultas de previsão do seu futuro político, as suas primeiras preferências amorosas, a sua concepção de resistência e a atenção acordada à defesa militar do Ndongo.   Apreende-se, igualmente, a sua clarividência política, reservas sobre o Padre italiano Cavazzi, apreciação sobre a nocividade das intrigas políticas, a sua franqueza precoce, a forte corpulência física, a sua coragem individual, a sua inserção no sistema de segurança do Reino e a sua aversão às campanhas de captura de escravos destinados à exportação.

No somatório, a romancista de Nashville, autora de um outro best-seller, “Sou uma escrava”  partilha “O Jornal” da adolescente do vale do Kwanza, no exercício de alta reapropriarão histórica, de enriquecimento cultural e de auto-estima.

O mérito desta publicação é eminentemente pedagógico, por permitir aos jovens afro-norte-americanos descobrir condições de formação da extraordinária personalidade de Nzinga-Nzinga.

O especialista, advoga a necessidade de se traduzir a obra em português, para na senda das pertinentes recomendações saídas do recém-realizado Colóquio Internacional sobre a Rainha Nzinga, os jovens angolanos e não só, estejam ao corrente da situação e que tenham uma percepção em relação à mesma.

A Rainha Guerreira Nzinga

Rainha Nzinga

 

+ sobre o tema

Mostra em São Paulo celebra produção de cineastas negros no Brasil

Uma seleção de filmes brasileiros realizados por cineastas negros...

O dia em que os deputados brasileiros se negaram a abolir a escravidão

Se dependesse da vontade política de alguns poucos, o...

para lembrar

Mostra em São Paulo celebra produção de cineastas negros no Brasil

Uma seleção de filmes brasileiros realizados por cineastas negros...

O dia em que os deputados brasileiros se negaram a abolir a escravidão

Se dependesse da vontade política de alguns poucos, o...
spot_imgspot_img

Feira do Livro Periférico 2025 acontece no Sesc Consolação com programação gratuita e diversa

A literatura das bordas e favelas toma o centro da cidade. De 03 a 07 de setembro de 2025, o Sesc Consolação recebe a Feira do Livro Periférico,...

Mostra em São Paulo celebra produção de cineastas negros no Brasil

Uma seleção de filmes brasileiros realizados por cineastas negros ou que tenham protagonistas negros é a proposta da OJU-Roda Sesc de Cinemas Negros, que chega...

O dia em que os deputados brasileiros se negaram a abolir a escravidão

Se dependesse da vontade política de alguns poucos, o Brasil teria abolido a escravidão oito anos antes da Lei Áurea, de 13 de maio de...