O Brasil deveria comercializar o que tem de melhor: o seu povo

Ouvi no rádio um moço – que falava muito bonito, diga-se de passagem – defendendo que o Brasil precisa deixar de lado antigos preconceitos e adotar uma economia sem amarras e impedimentos. Uma economia livre, em que qualquer um possa vender sua força de trabalho ou qualquer outra coisa que lhe pertença, do jeito que quiser, sem a tutela do Estado opressor.

Foto: Flávio Florido

Por Leonardo Sakamoto, do Blog do Sakamoto 

E se qualquer parte se sentir prejudicada, que procure a Justiça, oras!

Concordo plenamente.

Vocês querem saber a verdadeira razão do Brasil não ir para frente? Não, não é a desigualdade social, a corrupção, a falta de solidariedade, a concentração de renda e de poder ou os fundamentalismos mil. O motivo é simples: o brasileiro não se vende direito.

Agora que o Congresso Nacional, com o apoio ativo ou a omissão do Executivo, cavalga velozmente o desmantelamento da legislação trabalhista e de proteção aos direitos humanos, podemos sonhar com o dia em que a Lei Áurea será revogada. Então, temos que estar preparados para nos adaptar economicamente a esses excitantes novos tempos.

Trago cinco casos em que o brasileiro soube aproveitar bem o seu valor. Imagine só o quanto o país poderia crescer se deixasse de regular tudo e a interferir na vida das pessoas? Afinal, somos mais de 200 milhões de pessoas. Dá para fazer muito dinheiro com isso.

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1) Moradores da periferia de Recife venderam seus rins para transplantes na África do Sul. Ao todo, 38 pernambucanos fizeram “negócio” com a quadrilha até o esquema ser descoberto pela Polícia Federal. Os primeiros receberam R$ 8 mil por cada órgão. Mas a procura para ser “doador” cresceu tanto que os traficantes passaram a pagar só R$ 4 mil.

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2) Uma mulher abandonou seu bebê de oito meses após não conseguir vendê-lo por R$ 100,00 para comprar crack. O Conselho Tutelar, em Maceió (AL), recebeu a criança e entrou em contato com a família, que também não a quis mais.

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3) Em Eldorado dos Carajás (PA), um garimpeiro comentou que o bordel que frequentava só tinha “puta com idade de vaca velha”. Ou seja, de 12 anos. Para levar, de R$ 20,00 a R$ 40,00. Enquanto isso, em um posto de combustível, entre o Maranhão e o Tocantins, meninas franzinas usavam a voz de criança para oferecer programas. Por menos de R$ 30,00, deixavam a inocência de fora das boléias de caminhão. Entre os dentes, rangiam-se reclamações. Afinal, antes era mais barato.

 

4) Em uma fazenda no Sul do Pará, havia uma espécie de tabela para partes do corpo perdidas no serviço. Um dedo valia X, um braço Y, uma perna Z. Se a pessoa morria, contudo, o valor que a família receberia de indenização era menor que se as partes fossem perdidas uma por vez. Ou seja, o todo valia menos que as partes.

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5) Antônio foi comprado por um fazendeiro para limpar pasto e ampliar fazenda, derrubando floresta amazônica. Preço: R$ 80,00. Quase um órfão do crack. Mais do que sexo oral com uma menina de 12 anos.

Imagens: Reprodução/ Blog do Sakamoto 

 

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