Não em termos econômicos, porque por um lado a crise mundial, como qualquer crise do capitalismo, é efêmera porque os ciclos econômicos são perenes, e, por outro lado, porque nosso país, no conjunto, é a nação mais bem dotada no mundo quanto a recursos naturais.
Por Reinaldo Del Dotore Do Brasil247
Não em termos culturais, porque a riqueza do Brasil nesse campo talvez também não encontre paralelo no mundo.
Não em termos ambientais, porque ainda que haja desafios o Brasil os tem enfrentado e tem obtido vitórias que podem se intensificar.
Não.
O Brasil está irremediavelmente perdido em termos de Civilização. Nosso país regrediu a tal ponto no tocante à convivência social que esse verdadeiro estado de barbárie é irreversível.
Diuturnamente tenho observado agir o rolo compressor da irracionalidade, da ignorância, da agressividade, da absoluta negação do “outro”, do completo ódio pela opinião alheia, da violência verbal (e, muitas vezes, física) contra os “inimigos” (que são os brasileiros que têm opinião diversa).
Essa violência, essa incivilidade, essa barbárie são diariamente praticadas e estimuladas no próprio ambiente familiar, no trabalho, até mesmo no lazer. Essa regressão civilizatória é estimulada e praticada por você, meu colega, meu parente, meu conhecido, quando você emite opiniões como “tem que matar mesmo”, “é bandido sim, não precisa de prova”, “que horrível, só tem neguinho”, “sonego mesmo, para me defender”, e outras igualmente horrorosas.
Os brasileiros, estimulados por conglomerados de “informação” criminosos, retroalimentam essa espiral de intolerância, de medo, de ódio. As pessoas conversam cada vez menos a respeito de temas que fujam à superficialidade cômoda de inutilidades como futebol, novelas e cantores da moda, porque qualquer conversa séria sobre assuntos importantes tende a descambar para a agressão mútua – e os comentários em publicações na Internet, onde proliferam cães hidrofóbicos, são exemplo já clássico.
É pena. Nosso país tinha tudo para “dar certo”. Não deu, e não vai dar. Graças, repito, a você -colega, parente, conhecido- que abdicou do direito de pensar e hoje não passa de simples câmara de eco a repercutir o que há de pior em nossa sociedade.
O Brasil está irremediavelmente perdido, graças a você.
Não tenho ódio de você. Não quero o seu mal. Tenho, sim, profunda tristeza, pois por nutrir, em maior ou menor grau e sob modalidades diversas, amor, simpatia ou solidariedade por você, vejo que assim como o meu país eu fui derrotado, e que muitos dos que quero bem sofrem sofrerão por seus próprios atos.