O cinema brasileiro é masculino e branco

Agência Nacional de Cinema lança pesquisa que revela o perfil de diretores, roteiristas, produtores e atores

A maioria homens brancos. Dados escancaram ausência de mulheres negras nos filmes

Por MARÍA MARTÍN, do El Pais 

Foto: Divulgação

O Brasil é um país que não se vê nos filmes. É um enorme território miscigenado, preto, branco, indígena e pardo e com mais mulheres do que homens, mas cujo cinema é praticamente branco e masculino. Um exemplo: dos 142 longas-metragens lançados em 2016, 75,4% foram dirigidos por homens brancos. Outro dado: nenhum de todos esses filmes foi dirigido ou teve como roteirista uma mulher negra.

Os números foram revelados numa pesquisa da Agência Nacional de Cinema (Ancine) e marcam o começo de uma série que, todo ano, vai revisar e analisar a diversidade nas grandes telas brasileiras. O estudo procurou recortes de gênero e raça nas áreas decisivas dos sets de filmagem: direção, roteiro e produção executiva. 80% desses 142 filmes são do sudeste do país. A pesquisa não contemplou a presença de profissionais transgênero.

A cadeira de diretor é ocupada 78,2% das vezes por homens, ou seja em 111 filmes. Deles, apenas três tiveram um negro ou pardo no comando. Três longas-metragens tiveram uma direção mista com homens e mulheres, mas as mulheres sozinhas dirigiram só 28 filmes, 19,7% do total, e todas elas eram brancas. “Ter 0% de mulheres negras na direção ou no roteiro é assustador. É uma discriminação forte e palpável, porque existem diretoras e roteiristas negras, mas elas não estão sendo chamadas”, avalia Luana Rufino, superintendente de Análise de Mercado da Ancine e coordenadora da pesquisa.

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