O discurso consciente de Ronald, craque da Taça das Favelas, precisa ser ouvido

A Taça das Favelas conheceu neste sábado (27) seus campeões da edição realizada no Rio de Janeiro. No futebol feminino, o Curral das Éguas bateu o Corte Oito por 2 a 0. Já no masculino, o Gogó da Ema bateu o Patativas nos pênaltis, após empate em 2 a 2 no tempo normal. O melhor momento dos jogos, no entanto, provavelmente veio justo no pós-jogo. Eleito craque da final, Ronald, do Gogó da Ema, que terminou também como artilheiro da competição, foi convidado a realizar testes no Flamengo e deu um emocionado depoimento ao SporTV.

Por Leo Escudeiro, do Trivela 

Logo Taça das Favelas

“A gente é merecedor. Tem que agradecer muito a Deus, porque só ele sabe da nossa dificuldade para treinar, para alguém que não tem comida dentro de casa. A gente está aqui hoje para ser espelho para alguém na nossa favela. Porque toda vez que a gente está na televisão, só sai morte, só sai amigo da gente sendo preso, mas hoje a gente fez história. Para todo mundo acreditar que Deus realiza sonhos, todo mundo acreditar que não ganhamos isso à toa.”

Logo após o depoimento à reportagem, Ronald foi abordado por Waltinho, observador do Flamengo, que lhe ofereceu um convite para treinar no clube com um contrato de formação, com testes programados para o começo de agosto.

A Taça das Favelas tornou-se uma importante plataforma para talentos escondidos de comunidades no Rio de Janeiro e em São Paulo se projetarem. Após a decisão na capital paulista, Victor Balotelli, também de 17 anos, foi chamado pelo Internacional para período de testes.

Tão legal quanto a oportunidade de ver essa molecada ganhando uma chance é ouvir palavras tão conscientes e necessárias quanto as de Ronald. Não só por entender a importância que é ter esse espaço para incentivar outros de origem parecida, mas também por apontar o dedo para a maneira desproporcionalmente negativa como comunidades são retratadas pela mídia, visão decorrente, em parte, da falta de diversidade nas redações Brasil afora. Tão jovem, o garoto foi capaz de entender a oportunidade que se apresentava com aquele microfone.

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