O Papa é pop (e business)! – Por Cidinha da Silva

Por Cidinha da Silva

Caiu um raio belíssimo na cúpula da Basílica de São Pedro pouco antes de Ratzinger anunciar sua renúncia ao papado. Não foi um raio como tantos outros no pára-raios do Vaticano, foi raio de Olorum, urro irado de Xangô para acordar os hibernados na fé, adiantado pela luz vigorosa de Iansã na casa maior da Opus Dei. Eparrei Oiá! Eparrei! Kaô, meu pai! Kaô!

Ratzinger não suportou a batina justa de tantos escândalos e acusações e sai de cena como ser humano fragilizado, um avozinho doente e cansado que comoverá corações ávidos por comoção. Jogada de mestre ou única possível, o tempo dirá. Enquanto isso, nas lojas de souvenirs em torno da Santa Sé, esgotam-se as lembrancinhas do primeiro Papa a renunciar na contemporaneidade.

Façam suas apostas, senhoras e senhores! Boff, o visionário, o libertador, terceiro braço da tríade Dorothy Stang e Pedro Casaldáliga, desconhecida aos seguidores de Marcelo e do outro padre-cantor, não aposta em ninguém, mas clama por um representante da América Latina, comprometido com o povo e suas lutas.

Se perguntado sobre os africanos, Boff assevera que os dois cardeais negros baseados no Vaticano são mais romanos do que Roma. Cá com meus botões, imagino que um romano por dentro, mas preto por fora, não sirva ao projeto conservador. Ou não, pode ser um ardil para buscar a aprovação dos colonizados, a projeção de um  dos seus, ao cabo, o executor do trabalho sujo. Contudo, não creio, falta a base multicultural que levou Obama à Casa Branca.

Muitos apostam no pré-candidato filipino, a Ásia como um todo é mercado emergente aberto à conquista pela Igreja Católica. Somadas as populações de Índia e China é gente a não mais poder, gente para recuperar o poder.

África parece ser um mercado perdido para os pentecostais, em países como Uganda, onde a deputada Rebecca Kadaga, protegida de Ratzinger, quer aprovar a pena de morte para dar fim à homoafetividade, mais de 80% da população já está nas igrejas pentecostais.

Apostadores, treinadores, corredores, veterinários, empresários e operadores de máquinas de lavar, façam suas apostas, o páreo vai começar.

Foto: Filippo Monteforte

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