Está no ar o 151º episódio do 451 MHz, o podcast dos livros. Neste programa, a escritora Cidinha da Silva conversa com a educadora Bel Santos Mayer, especialista em formação de leitores, sobre o pensamento da filósofa Sueli Carneiro, uma das grandes intelectuais do feminismo e do movimento negro no Brasil, que fundou o Geledés Instituto da Mulher Negra em São Paulo, em 1988.
O bate-papo aconteceu na mesa A obra de Sueli Carneiro como método pedagógico, em junho, durante A Feira do Livro 2025. Transformado em podcast, faz parte da temporada especial do 451 MHz com encontros da quarta edição do festival literário paulistano. O episódio foi realizado com apoio do Ministério da Cultura e tem apresentação exclusiva da Petrobras.
A conversa parte do lançamento de Só bato em cachorro grande, do meu tamanho ou maior, que Cidinha da Silva acaba de publicar pela editora Rosa dos Tempos. O livro reúne 81 lições de vida e formação política que ela aprendeu com Sueli Carneiro ao longo de quase quatro décadas de convivência com a pensadora. Entre os ensinamentos que compõem o chamado Método Sueli Carneiro estão máximas como “A fúria é banta”, “Não abra espaço com os cotovelos” e “Deslealdade é algo imperdoável”.
“Pra mim, é um livro de memórias”, define a autora. “A Sueli tem brincado e dito que é uma biografia não autorizada. Isso me alegra porque fico com a sensação de que ela se reconhece no livro, mas não se trata de uma biografia”, diz Silva, que recorda ter conhecido a filósofa quando tinha apenas dezenove anos.
“É um livro escrito a partir do retorno e do escarafunchar a memória para trazer coisas que foram muito significativas ao longo de quase quarenta anos de convivência minha com a Sueli”, explica.
Livro-declaração
Ao comentar justamente a amizade de longa data entre as duas, Cidinha da Silva não esconde a emoção. “Relações como a nossa têm muitas tensões, desencontros, silêncios, para além de todas as coisas boas, que prevalecem”, diz. “Falar de amor não é exatamente fácil, é algo que sempre deixa a gente exposta. Esse livro é uma declaração de amor pública a Sueli Carneiro.”
Para a autora, Só bato em cachorro grande, do meu tamanho ou maior marca um momento especial em sua trajetória.“Esse livro me libera de uma responsabilidade grande, porque é um livro que eu precisava fazer e entregar como presente para Sueli pelos seus 75 anos de vida”, afirma. A conversa n’A Feira do Livro aconteceu dois dias antes do aniversário de Carneiro, que em 24 de junho fez 75 anos. “É também um ponto de chegada e coroa um período grande de trabalho: ano que vem completo 20 anos de carreira literária.”
Cidinha da Silva ainda diz no programa que o novo livro, ela acredita, pode inaugurar uma série de títulos sobre lembranças. “Estou tendo a mesma sensação que tive quando comecei a escrever livros para a infância. A gente escreve o primeiro e depois vem um monte. No caso dos livros que seguem esse fio da memória, acho que vai acontecer a mesma coisa.”
Livros do episódio
Veja abaixo os livros que aparecem nesta edição do 451 MHz, incluindo títulos lançados pela convidada e outras leituras recomendadas:

- Só bato em cachorro grande, do meu tamanho ou maior: 81 lições do Método Sueli Carneiro, de Cidinha da Silva (Rosa dos Tempos, 2025).
- Um Exu em Nova York, de Cidinha da Silva (Pallas, 2018).
- O mar de Manu, de Cidinha da Silva (Yellowfante, 2021).
- Ações afirmativas em educação: experiências brasileiras, de Cidinha da Silva (Selo Negro Edições, 2001).
- Africanidades e relações raciais: insumos para políticas públicas na área do livro, leitura, literatura e bibliotecas no Brasil, de Cidinha da Silva (Fundação Cultural Palmares, 2014).
- Um defeito de cor, de Ana Maria Gonçalves (Record, 2006).
- Vamos falar de relações raciais?: crônicas para debater o antirracismo, de Cidinha da Silva (Autêntica, 2024).
- Sobre-viventes!, de Cidinha da Silva (Pallas, 2016).
- #Parem de nos matar, de Cidinha da Silva (Pólen Livros, 2019).
- Perifobia, de Lilia Guerra (Todavia, 2025).
Mais sobre a convidada
Cidinha da Silva tem 23 livros publicados, entre eles Um exu em Nova York (Pallas, 2018) ganhador do prêmio Biblioteca Nacional em 2019, e O mar de Manu (Yellowfante, 2021) que venceu o Prêmio APCA 2022 de melhor livro infantil. No final de junho, lançou Só bato em cachorro grande, do meu tamanho ou maior (Rosa dos Ventos), um livro de memórias sobre o método de formação política de Sueli Carneiro. Também é historiadora e cronista do jornal literário Rascunho.