O Sindicato da solidariedade

O final de ano é tempo de redimensionar nossa vida, examinado os erros e acertos para poder iniciar o ano novo melhor do que encerramos o velho. A crise econômica foi nosso maior desastre com consequências graves no sustento das famílias. A falta de pagamento dos salários e o desemprego têm causado danos muito graves nas famílias empobrecidas. Servidores que trabalharam 40 anos para sustentar os serviços públicos agora, sem salários, não têm o que comer o que vestir e nem mesmo os medicamentos necessários para a manutenção da saúde.

Fonte: Jornal do Brasil

por, Siro Darlan

Nessas horas o povo brasileiro cresce em virtudes e o Sindjustiça, o Sindicato dos Serventuários da Justiça do Rio de Janeiro, incansável defensor dos direitos dos trabalhadores do Judiciário, que apesar de estar à duras penas com os salários em dia, organiza o mais tocante ato de solidariedade do Natal de 2016. Diante da penúria causada pelo (des) governo do Estado do Rio de Janeiro são milhares de trabalhadores sem salários, 13º e os servidores que já receberam e podiam ir comer suas rabanadas, se enchem de amor ao próximo e chama-nos a responsabilidade organizando em sua sede a distribuição de milhares de cestas básicas.

Esse ato comovente registrou momentos de muita riqueza humana e uma tristeza muito grande ao ver servidores que não tinham nem o dinheiro da passagem para virem de todos os rincões do Estado para buscar uma pesada cesta de alimentos. Alguns idosos queriam o medicamento que necessitam, mas já não tomam há alguns meses. Outros pediam um brinquedo para dar para os netos ou filhos. O contágio desse gesto humanístico foi rápido e as doações não param de chegar à sede do Sindicato, na Travessa do Paço. Também são muitos os voluntários, famílias que deixaram suas férias e o recesso para ajudar com seus filhos e cônjuges. É preciso haver noite para brilhar o Sol da solidariedade.

Magistrados, liderados pela Desembargadora Regina Lucia, se cotizaram de contribuíram para a aquisição dos alimentos, outras doaram não só dinheiro, mas sua presença e força física com muita humildade e dignidade. Talvez tenhamos muitos motivos para estarmos revoltados, mas gestos de fraternidade como esses superam todas as frustrações e desencantos e devemos festejar e valorizar os valores humanos que despontam quando a humanidade está desesperançada e triste. Esse exemplo de solidariedade capitaneado pelo Sindjustiça não pode parar. Foi apenas o começo para que nos organizemos como povo para, conscientes de nossa força com união, possamos combater os maus administradores, exigir respeito às regras de convivência e fazer valer o respeito à dignidade da pessoa humana.

* Siro Darlan é desembargador do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro e membro da Associação Juízes para a democracia

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