Mãe de santo alagoana foi recebida pela ordem que garantiu punição para envolvidos em caso de intolerância religiosa com ator global.
Após a ação movida pela Mãe Neide Oya D’Oxum contra a ex-namorada de Henri Castelli, Juliana Despírito, por intolerância religiosa e injúria racial, a Ordem dos Advogados do Brasil em Alagoas se pronunciou na manhã desta sexta-feira (29), em solidariedade ao caso de discriminação ocorrido em solo alagoano.
De acordo com o presidente da Comissão dos Direitos Humanos da OAB-AL, Daniel Nunes, a OAB vai acompanhar de perto a situação que pode culminar em processo por danos morais para a ex-namorada do ator e também para aquelas pessoas que registraram mensagens de ódio na rede social instagram de Henri Castelli.
“Infelizmente isso é o que tem acontecido em nosso país de um ano pra cá, essa onda conservadora. Esse caso é uma demonstração muito gritante que leva à discriminação contra tudo que vai de encontro a essa lógica estreita e fundamentalista. Nós, como Comissão de Direitos Humanos, jamais poderíamos compactuar com essa lógica de discriminar as religiões de matrizes africanas. É uma forma de mascarar o racismo que também cresce em nosso país”, diz Daniel Nunes.
Já para o presidente da Comissão de Defesa das Minorias Étnicas e Sociais da OAB, Alberto Jorge de Oliveira, a união de esforços com a entidade deve garantir que o caso não fique impune e esquecido, de modo que as celebrações afrobrasileiras devem ser respeitadas como consequência. “Desde a ‘Quebra do Xangô’ até os dias atuais a sociedade ainda não aprendeu a aceitar a religiosidade afro. Aqui mesmo em Alagoas já recebemos diversas denúncias de invasões a terreiros religiosos por parte da Polícia Militar, por exemplo”, informa o presidente.
Ainda segundo Alberto Jorge, todos os casos estão sendo acompanhados e, para reforçar esse apelo, a Comissão de Jornalistas pela Igualdade Racial (Cojira-AL) agendou uma reunião com o secretário de Defesa Social, Alfredo Gaspar de Mendonça, para discutir a intolerância religiosa em Alagoas. “Infelizmente essa não é a primeira vez que a Casa de Mãe Neide sofre com intolerância. Com a internet a covardia foi facilitada, isso gera além do racismo um impacto emocional muito grande nela”, diz a filha de santo Keila.
Para Mãe Neide, o maior medo após o episódio é o ataque físico e não o verbal. “Eu tenho medo dos ataques, vocês sabem como é o fanatismo de algumas pessoas. Imagine então quantas mães e pais humildes não sofrem com isso todos os dias”, diz.
O caso é acompanhado pelos advogados Walkirya Carvalho e Newton Pereira Gonçalves.