OAB e Anistia Internacional criticam prisões de manifestantes no Rio

FABIO BRISOLLA LUCAS VETTORAZZO 

A advogada Eloisa Samy foi uma das 19 pessoas presas neste sábado (12) pela polícia do Rio, que desencadeou uma ação contra manifestantes na véspera da final da Copa do Mundo, no Maracanã. Alemanha e Argentina se enfrentam neste domingo (13), às 16h.

Eloisa costuma defender os manifestantes presos pela polícia em protestos na cidade do Rio. Nas últimas horas, representantes da OAB e de instituições ligadas aos direitos humanos estão na Cidade da Polícia (onde estão concentrados os presos) em busca de justificativas para as prisões realizadas.

“Eloisa nunca foi detida por participar de manifestações. Sempre atuou na defesa de manifestantes”, ressaltou João Pedro Pádua, vice-presidente da comissão de prerrogativas da OAB.

De acordo com Pádua, os 26 mandados de prisão expedidos pela 27ª Vara Criminal estão associados a uma suposta ameaça à segurança pública decorrente de protestos no jogo final do Mundial.

Presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB, Marcelo Chalreo considerou as prisões “sem fundamento legal, com claro intuito de impedir o direito de manifestação”.

Em nota, a Anistia Internacional classificou as prisões como uma “repetição de um padrão de intimidação que já havia sido identificado pela organização antes do início do Mundial.”

No dia 11 de junho, véspera do primeiro jogo da Copa, a Polícia do Rio conduziu uma ação semelhante e deteve dez pessoas. Na ocasião, Elisa Quadros, a Sininho, foi conduzida à delegacia e prestou depoimento sobre sua participação em manifestações.

Ela fez parte do movimento Ocupa Câmara, protesto realizado no ano passado que se estendeu durante semanas na frente da Câmara dos Vereadores, no centro do Rio.

Neste sábado, Sininho foi presa no sul do país. Os mandados prisão incluem ainda outros manifestantes que apoiaram a mobilização diante da sede do Legislativo municipal. Um deles é Luiz Carlos Rendeiro Júnior, conhecido como Game Over, que chegou a fazer greve de fome na praça da Cinelândia, onde permaneciam os participantes do Ocupa Câmara.

A lista inclui ainda Luiza Dreyer, que colaborou com o Ocupa Cabral, protesto próximo à casa do ex-governador Sérgio Cabral no Leblon, também promovido no ano passado. Ela é cantora e participou da primeira edição do programa The Voice Brasil, da TV Globo.

Fonte: Folha de São Paulo

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