Outras impressões, manifestações livres sobre qualquer assunto – As São Paulos de cada um

por Leno F Silva para o Portal Geledés

Nesta véspera de aniversário da Cidade de São Paulo, lembranças tomaram conta de mim. A primeira da Vila Vera, bairro da região do Ipiranga, onde morei, cresci, e aprendi a andar de bicicleta. Lá também e arrisquei as primeiras jogadas de futebol, na rua de terra. No mesmo lugar, durante as festas juninas, acendíamos fogueira e todos os vizinhos se encontravam para comer pipoca, batata doce, churrasquinho de “gato” e tomar quentão.

Quando o saneamento básico chegou por lá com a instalação dos enormes canos de cimento, fui xeretar um buraco e levei uma pedrada na cabeça que resultou em uma dúzia de pontos e quase uma surra do meu pai. Fui salvo pelo vizinho, que me levou ao médico rapidamente e disse em casa que aguentei firme o curativo, sem chorar. Foi o que bastou para o perdão paterno.

Depois de um período de convalescença voltei a praticar as brincadeiras que nos divertiam: pega-pega, bolinha de gude, empinar pipa, futebol no campo do Vera e acrobacias na bicicleta que ganhei do meu pai graças a um bilhete de loteria sorteado.

Depois me mudei para o Moinho Velho. Um bairro, digamos, mais “abonado”. Dezenas de sobradinhos geminados, várias casas espaçosas com quintal e carro na garagem. Ruas com asfalto por onde transitavam os primeiros filhos da classe média, fruto de uma onda de desenvolvimento alavancada pela indústria automobilística e metalúrgica do ABC.

Aos sábados à noite frequentávamos a Casa de Esfiha, da Rua Vergueiro. Nas tardes o bacana era jogar fliperama ou pingue-pongue. E aos domingos o destino eram os cinemas do Centro, na Avenida Ipiranga ou na Galeria Metrópole, da Av. São Luís.

Deixei o Moinho Velho em 1985 e fui morar na Bela Vista. Depois me transferi para os Jardins e de lá para o Alto da Boa Vista, onde até hoje estou. Por conta da vida profissional, já transitei pela Lapa, Vila das Mercês, Mooca, Vila Madalena, Pompéia, Perdizes, Morumbi, Brooklin, Higienópolis, Santana, Jabaquara, e tantos outros bairros dessa cidade nervosa que me recebeu com carinho e pela qual tenho gratidão e afeto. Parabéns São Paulo! Por aqui, fico. Até a próxima.

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