por Leno f. Silva enviado para o Portal Geledés
No último domingo compareci a duas celebrações em homenagem ao Dia da Consciência Negra. No Museu Afro Brasil, deu-se a abertura da exposição “Transfiguração do Real”, com pinturas de Aureliano dos Santos, um trabalho de forte apelo popular e pulsante, numa montagem que valoriza as expressões desse genuíno artista brasileiro que vive para criar, e que hoje, caminha pelas ruas, falando sozinho, e determinado a produzir arte. Vale a pena conferir as cerca de 200 pinturas as quais tão bem dialogam com as geometrias, as cores, e outros ícones da comunicação como, por exemplo, a publicidade promocional.
No mesmo espaço foi inaugurada a escultura de “Zumbi dos Palmares”, doada pela artista Márcia Magno. Medindo dois metros e vinte, apresenta o líder de pé, em tamanho natural, em uma posição de alerta com uma arma de defesa, uma mukwale, compreendida como um símbolo de poder. A escultura original encontra-se na Praça da Sé, em Salvador e constitui-se como uma obra que reverencia a coragem, a força e a luta do último líder do Quilombo dos Palmares, que foi capturado, torturado e decapitado pelo bandeirante Domingos Jorge Velho, em 1695, e teve sua cabeça exposta na Praça do Carmo, em Recife, durante anos, até a sua completa decomposição. A obra em exposição no Museu Afro Brasil reafirma o sentido de justiça e igualdade simbolizada pela imagem e pelo significado do líder dos Palmares para toda sociedade brasileira.
Do outro lado da cidade, na Casa das Caldeiras, aconteceu o Caldeirão do Negão, evento colaborativo coordenado pelas equipes de artistas e de produtores que organizam as Pílulas de Cultura da Feira Preta. O encontro misturou música de excelente qualidade, com apresentações de Fernando Ébano, Bukassa, Banda Alafia, Grupo JBSamba; intervenções certeiras do DJ Arlindo, além de oficinas de percussão e grafite, exposição de artes plásticas com trabalhos de Renata Felinto, desfile de moda com looks inspirados em resíduos produzidos pelas indústrias de consumo, mais acessórios, comidas típicas e um público diverso, de todas as idades, etnias, num clima de festa, de alegria e de consciência que, em pleno domingão, garantiu sete horas ininterruptas de atrações contagiantes. O encontro foi apenas um esquenta para a Feira Cultural Preta, que comemora 10 anos de vida, e acontecerá nos dias 17 e 18 de dezembro de 2011, no Centro de Exposições Imigrantes. Imperdível! Reserve já na sua agenda e adquira ingresso antecipado. Por aqui, fico. Axé e até a próxima.