por Leno F Silva
Na semana passada fui surpreendido com a notícia de que um amigo com quem estudei no colégio faleceu há quinze meses. Ao ouvir a informação por telefone, fiquei paralisado, sem saber o que fazer. O rapaz do outro lado da linha perguntou se eu queria falar com o filho dele. Respondi que não. O que poderia dizer ao garoto que não conheço? Explicar que conversei com o pai dele há cerca de dois anos, que ficamos de marcar um encontro, que liguei justamente para propor isso nas próximas semanas?
Nada disso faz sentido agora. Com os meus botões conversei e, do meu jeito, recitei uma prece e aproveitei os minutos seguintes para relembrar dos bons tempos que juntos passamos. Ele era um pouco mais velho que eu, já estava casado; tinha casa, carro e negócio próprios. Na prática, sábia tudo o que o colégio ensinava e só precisava do diploma. Mas nem por isso perdia as aulas ou deixava de se aplicar para as provas. Aprendi muito com ele e ele comigo, como devem ser as sinceras relações.
O tempo passou e o nosso reencontro ficou para a outra esfera. Quis o destino não nos oferecer essa oportunidade. Assim é a vida. Ela nem sempre avisa quando vai nos deixar. Por isso, faz-se preciso registrar o dito popular que ouço desde criança: “Nunca deixe para amanhã o que você pode fazer hoje.” O ponto crítico dessa questão é que, na maioria das vezes, achamos que tudo pode ficar para amanhã. Algumas coisas podem; outras não. E essa é a escolha nossa de cada dia. Por aqui, fico. Até a próxima.
