Para a ministra Eleonora Menicucci, a luta continua!

“Pela primeira vez, a Secretaria de Políticas para as Mulheres será ocupada por uma feminista histórica, comprometida com as lutas populares e democráticas. Eleonora foi uma das mulheres que ajudaram a construir a política brasileira de atenção integral à saúde da mulher. Axé, Eleonora! Temos certeza de que você saberá levar adiante as nossas batalhas, considerando todas as necessidades das brasileiras, porque é incansável e do tempo do ‘caminhando e cantando e seguindo a canção’. A presidente Dilma acerta e nos acena com grandes esperanças”. Declaração que fiz ao “Vi o Mundo” ao saber que Eleonora Menicucci de Oliveira seria ministra (7.2.2011).

Por Fátima Oliveira

Desde então, Eleonora tem “bombado”. Era esperado o chão fundamentalista tremer. Numa linguagem “boieira”: “Sabiá/já mostrou seu canto… Chão tremeu quem fez?/ Foi Maracanã/ Êh boi!/ Chegou batalhão da mata…” (“Boi de Lágrimas”). “En passant”, a mídia jamais deu tanta boa e má atenção a alguém ministeriável. A ministra deu um “nó” nas mentes conservadoras – a mais cristalina tradução do significado de sua pasta: visibilizar a mulher em toda a sua concretude, fugindo do suposto padrão da mulher universal, tão ao estilo do fundamentalismo cristão: santa ou satânica.

Eleonora já disse de onde fala. E eu não esperava menos… Ela conhece o seu papel na atual conjuntura e saberá estabelecer o espaço de escuta que faltava ao feminismo no governo Dilma. Ela no seu lugar e nós no nosso. Nem mais, nem menos. A sua incomensurável gana de trabalho e bom humor são contagiantes. Muitas vezes, eu a olhava incrédula e indagava aos meus botões: “Como quem passou o que ela passou consegue continuar inteira nas lutas?”.

E o fiz inúmeras vezes, quando ela foi perseguida titanicamente pelo teor contundente do documento que produziu como relatora de saúde da Plataforma Dhesca (direitos humanos, econômicos, sociais, culturais e ambientais), indicada pela Rede Feminista de Saúde, quando fui secretária executiva da referida articulação política. Uma das missões por ela realizada repautou para o mundo o caso da contaminação ambiental da Shell Química no Recanto dos Pássaros, em Paulínia, em São Paulo (“Caso Shell será levado à Corte Internacional da ONU”, Vilma Gasques, 24.2.2003).

Quando a indicamos para a Dhesca, o seu tino de pesquisadora deu o tom. Não trastejou. Estava às ordens. Não era pouco, pois fazia parte da tarefa, como primeira relatora de saúde da Plataforma Dhesca, construir aquele lugar: dar nome e sentido… Escrevi, em “A vida continua”: “Semana passada, recebemos em Beagá a relatora de saúde da Plataforma Dhesca, Eleonora Menicucci, que, sob a chancela do voluntariado da ONU, avaliou a atenção ao abortamento inseguro na rede pública de saúde e ouviu empregadas domésticas sobre as doenças de trabalho da categoria” (O TEMPO, 31.3.2004).

Sobre Eleonora, eu poderia escrever páginas e páginas dignificantes e edificantes. O espaço é exíguo. Contento-me com um resumo de Paulo Henrique Amorim (“Tortura: ministra Menicucci desafia Supremo”, 11.2.2011): “A ministra Menicucci foi torturada na mesma época e pelos mesmos torturadores da presidente Dilma (hoje, anistiados pelo Supremo). A presidente deve saber o que ela pensa. E, por isso, levou-a para o ministério. Portanto, sua opinião sobre o papelão do Eros Grau e seus companheiros de toga deve ser do conhecimento da presidente. Como também a presidente deve saber o que ela pensa sobre o aborto”. Em suma: “Pra quem sabe ler, um pingo é letra”.

 

 

Fonte: O Tempo

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