Mulheres negras fizeram uma marcha nos arredores da Praça da República, localizada na avenida Presidente Vargas, no centro de Belém. Diversas entidades de temática afro participaram da mobilização com o propósito de lançar simbolicamente uma manifestação batizada de “À Brasília”, que ocorrerá em setembro de 2015.
A ideia dos movimentos atuantes é mobilizar o máximo de pessoas e construir um processo de visibilidade. “É um absurdo que em pleno século 21 as pessoas negras, sobretudo mulheres, tenham que se submeter a um certo determinismo social, no qual as mulheres negras não têm acesso a bons trabalhos por causa da cor da pele. A desigualdade ainda é muito grande. Se as mulheres no geral são discriminadas e recebem salários ainda mais baixos do que seus parceiros, as negras estão obrigadas a situações bem mais preocupantes”, afirmou uma das fundadoras do Centro de Estudos e Defesa do Negro no Pará (Cedenpa), Nilma Bentes, de 66 anos.
No Pará, 77% da população é constituída de negros ou pardos e ainda existem em torno de 420 povos quilombolas no estado, segundo Nilma Bentes. “As mulheres negras amamentaram a maior parte da classe dominante do Brasil. Desde os tempos de escravidão, a mulher nunca teve vez nem voz. E agora queremos mudar esse contexto que faz parte de todo um processo histórico de séculos. Ainda, no estado, carecemos de políticas públicas para mulheres negras”, declarou Nilma Bentes.
Fonte: Diário do Pará