Está no mundo o primeiro EP de Brisas Project. PERDOA é uma obra em quatro faixas que explora uma sonoridade orientada ao Pop Rock, Lo-fi e Reggae. Concebido e dirigido por Brisas Freire Ribas, multiartista paraense de 31 anos, dono das composições e vocais, o EP gravado no bairro Pompéia, em São Paulo, é assinado também por Theo Charbel na produção musical, instrumentos, mix e master.
Visualizers disponíveis no YouTube expandem a experiência, colaborações entre o músico transmasculino e filmmakers expoentes da cena independente. Os visuais vêm consagrar a identidade do artista dragqueer, oferecendo mais elementos para se aprofundar em sua persona que reúne música, performance e poesia.
Brisas descreve o trabalho como uma narrativa sobre o encontro consigo de um jeito profundo, quase sofrido, trazendo à tona culpas internalizadas e suscitando reflexões sobre o (auto) perdão. “PERDOA fala sobre o trágico de forma que nos faz querer ver o que há adiante. O amor mora por entre essas curvas impensadas”, complementa.
FAIXA A FAIXA
Perdoa dá nome e abre o disco como um sentimento que vira som. “É uma dessas músicas que parecem feitas com as mãos no peito”, ilustra Brisas. O jovem explica que a letra propõe um olhar maduro sobre os afetos, quando o grito deixa de ser necessário. “A ausência de artifícios se torna linguagem”, provoca.
A segunda música, Amarela, é descrita como um dia de sol guardado na lembrança, uma pausa contemplativa. Tem instrumentação acústica e produção limpa que realça a emotividade em um registro quase confessional. “A ausência de resolução para a história é proposital. O que importa é o querer em si”, traz.
A canção Bom, Mas Foi Ontem, lançada como single em fevereiro, ocupa a terceira faixa do trabalho como uma delicada viagem musical, um Lo-fi imersivo que revela a doçura que mora no íntimo do artista. A letra eterniza momentos breves e o refrão faz “repetir o título para sempre”, observa.
TPM fecha o EP como uma conversa com um amigo que entende. “[Um amigo] que não tenta consertar nada, só senta ao seu lado e diz: ‘tá tudo bem sentir’”, descreve o artista. Ele acrescenta que a letra foi construída sem filtro, como fluxo. “A beleza desse reggae é que ele não busca tranquilizar, mas expressar o turbilhão com liberdade”, completa.
BRISAS PROJECT
Natural de Altamira (PA), Brisas viveu em Belo Horizonte (MG) e passou por sete cidades em quatro estados do Brasil até chegar a Lisboa, onde vive atualmente, pelo menos até encontrar sua próxima estrada. Circula com desenvoltura por diferentes artes e mídias, e utiliza a performance dragqueer para elevar suas apresentações a outro patamar. Brisas Project é a plataforma onde os talentos do artista se encontram em apresentações com guitarra, pedal, peruca, figurino e uma voz que carrega muita história.
Arquiteto e Urbanista formado pela UNA, em Belo Horizonte, em Multimídia por Geledés (SP) e Marketing Digital pela USP, Brisas fez parte do elenco, dramaturgia, trilha sonora e design do filme EMARANHADO (2021), obra que circulou com o Festival Panorama (RJ) por cidades como Rio, São Paulo, Campinas, Curitiba, além de Berlim, Paris e em Lisboa.
Viajante, ressignifica todos os dias o que é essencial para ser chamado de lar. Destaca sua transição de gênero, definida como a experimentação de um não-lugar, repleta de perguntas e possibilidades. O artista transmasculino explica que encontra sua casa no autoperdão. “É esse marasmo de questionamentos e a busca pelas respostas que preenchem este trabalho”, reflete.
Brisas rememora o início do projeto, em 2017, momento em que suas primeiras composições lhe deram pistas sobre o caminho que viria a percorrer com seu gênero. O lançamento das gravações de antes da transição trazem à tona a melodia e o registro do que ele foi, o mesmo corpo com outra voz, a mesma visão em um outro jeito de enxergar o mundo. “Ressoar no mundo é uma vitória” finaliza.
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SERVIÇO
Lançamento do EP PERDOA, de Brisas Project
Data: março de 2025