Paulo Pedro Leal

Paulo Pedro Leal
1894-1968

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Ecos da Primeira Guerra

Paulo Pedro Leal nasceu no Rio de Janeiro em 1894 e faleceu na mesma cidade em 1968. Foi empregado doméstico em casa de franceses, por volta de 1914, e nesse convívio assimilou os ecos da Grande Guerra, da qual ouvia seus patrões falarem.

Mais tarde essas histórias, gravadas em sua mente, se transformariam, em seus quadros, nas grandes cenas de naufrágios, navios torpedeados, mares coalhados de sobreviventes e infestados de tubarões, sem falar nas cenas de batalhas com soldados franceses e em desenhos significativamente intitulados Royal English Marine, Les Heros Français e outros.

Pai-de-santo e pintor

Foi, mais tarde, estivador, e afinal tornou-se pai-de-santo e pintor – pintor espiritual, como várias vezes assinou seus quadros, querendo significar ser pintor das coisas do espírito.

Em sua condição de pai-de-santo era natural que cenas de terreiro e de possessão constituíssem parte preponderante de sua produção, ao lado das acima citadas visões de naufrágios e ainda de naturezas-mortas.

Paralelamente, era comum envolver suas pinturas com estranhas composições de crimes e bacanais, as quais representavam o lado sombrio de sua personalidade pacata.

 

A arte rústica de fundo-de-quintal

Paulo Pedro Leal começou sua atividade artística por experiências artesanais com madeira e papelão, modelando posteriormente o barro (com o qual povoou de imagens seu terreiro) e chegando à pintura mural, decorando as paredes do quarto em que costumava dar suas consultas com búzios.

Além de encomendas para outros terreiros, pintou muitos São Jorge em varandas e aposentos de casas de Coelho da Rocha, bem como letreiros para padarias e decorações para carnaval, inclusive pinturas corporais e enfeites de automóveis, que revestia de papelão.

 

A pintura de cavalete

Por volta de 1950, passou a dedicar-se à pintura de cavalete. Ainda nesta fase, seu trabalho era rústico, executado sobre suportes de papelão, com esmaltes sintéticos, alvaiade e outros materiais impróprios, com o que uma boa parte de seu trabalho se deteriorou.

Para vender, expunha as obras no Passeio Público, no centro do Rio de Janeiro, onde o encontrou, por volta de 1954, o marchand Jean Boghici, que lhe deu telas e material de pintura.

 

A simplicidade que conquistou o mundo

Em 1955 a Petite Galerie, do Rio de Janeiro, organizou uma exposição de seus trabalhos – que seriam posteriormente exibidos em Paris, Moscou, Buenos Aires e em várias cidades da Europa e das Américas.

Estranho e curioso pintor de extração popular, praticando uma espécie de expressionismo rústico, ao qual se mesclavam ingredientes sobrenaturais e não raro demoníacos, Paulo Pedro Leal pode ser considerado um dos melhores e mais pessoais entre os pintores brasileiros do instinto.

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