Pela 1ª vez, todas as chapas de Salvador têm candidatos negros

Por: LUCAS ESTEVES

 

Salvador (BA) é a cidade mais negra do Brasil e a que tem maior população com descendente de africanos fora da África. Entretanto, 2012 é o primeiro ano da história política da capital em que há negros em posição de destaque em todas as chapas de candidatos à prefeitura. Em cinco candidaturas, duas têm negros como postulantes a prefeito e outras três colocam afrodescendentes como vices.
Apesar de se aproximarem do protagonismo, é improvável que um administrador de pele negra seja o próximo prefeito de Salvador. Márcio Marinho (PRB) e Hamilton Assis (Psol), afrodescendentes que ocupam a posição principal em suas chapas, são os candidatos com menores chances de conquistar o cargo principal do Executivo. Eles aparecem com os menores percentuais de intenções de voto nas primeiras pesquisas até o momento no cenário eleitoral da cidade.

O primeiro é bispo da Igreja Universal e foi eleito deputado federal nas últimas eleições em 2010 com 83 mil votos, todos com base em Salvador e ligados à influência da Igreja Universal do Reino de Deus. Já o último é pedagogo e atua junto ao movimento de minorias de Salvador. Ambos consideram “oportunismo” das outras chapas – de maior poderio eleitoral – indicarem vices negros, uma vez que não dão à comunidade identificada com a cor reais chances de ter um semelhante no poder.

Os vices
Nelson Pelegrino (PT), ACM Neto (DEM) e Mário Kertész (PMDB) são os “acusados” por Marinho e Assis. Eles apresentaram ao longo das últimas semanas três nomes para a disputa de vice que, além de negros, também estão identificados com a militância social na cidade. Os petistas colocaram na vaga a vereadora Olívia Santana (PCdoB), enquanto o DEM apresentou Célia Sacramento (PV), em uma aliança surpreendente. Por sua vez, o PMDB escolheu o administrador de empresas Nestor Neto, do mesmo partido.

De todos os três, a mais conhecida é a vereadora. Com uma série de três mandatos seguidos, ela afirma que sabe correr o risco de não vencer a eleição e ficar sem mandato por pelo menos mais dois anos. Entretanto, atesta que um político não pode ficar eternamente em posição de conforto e que deve agir sem individualismo em prol do povo. Ela é filha de uma empregada doméstica com um marceneiro, cursou a Universidade Federal da Bahia (UFBA) depois de passar pela escola pública e é diretora do movimento negro na cidade.

Já Célia Sacramento é professora e também está ligada ao movimento negro. Ela se engajou ainda na adolescência no movimento estudantil, se formou em contabilidade e posteriormente conseguiu uma série de títulos acadêmicos na área até ser nomeada professora da UFBA. Ela está filiada ao PV há seis anos, mas afirma que desde que ACM Neto concorreu à prefeitura pela primeira vez, há quatro anos, já havia identificado nele o que chamou de “melhor proposta para Salvador”.

O PMDB também escolheu um candidato a vice-prefeito que tem sua representatividade junto ao movimento estudantil. Nestor Neto tem 31 anos e é o mais jovem candidato a vice das eleições de Salvador. Ele é presidente da Juventude do PMDB na cidade e, em 2003, ficou famoso após comandar a “Revolta do Buzu”, movimento estudantil que parou a cidade por dias durante um processo de aumento de passagens do transporte público.

Segundo o radialista e candidato a prefeito Mário Kertész, indicar um vice tão jovem é uma “prestação de tributo”. Quando tinha 22 anos, ele foi eleito chefe de gabinete da prefeitura pelo então prefeito Antônio Carlos Magalhães. Aos 26, foi nomeado secretário de Estado pelo mesmo.

 

 

Fonte: Terra

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