por Carlos Leonam
É merecida, ainda que tardia, a homenagem simbólica feita pela Fifa ao maior jogador de futebol de todos os tempos.
Em matéria de marketing, não tenhamos dúvida de que a árvore de Natal, que há anos flutua na Lagoa Rodrigo de Freitas, no Rio, é um baita sucesso para o patrocinador. O autor da ideia deve ter matado de inveja quem não a teve antes. Milhares de cariocas e turistas fazem, nos últimos dias de cada dezembro, uma religiosa peregrinação até as margens do espelho d’água para apreciar o festival de luzes e cores.
Até aí, tudo bem. Trata-se de um belo evento que enriquece sobremaneira o período de festas de fim de ano. Acontece, porém, que, a cada ano, mais e mais, principalmente com o aumento do número de veículos particulares, o problema com o trânsito exige uma megaoperação para tentar impedir os engarrafamentos e estacionamento em lugares inconvenientes ou proibidos.
Isso posto, cabe uma sugestão: por que não passar a colocar a árvore na enseada de Botafogo, mais ou menos em frente do Pão de Açúcar? Os problemas com o trânsito diminuirão de forma evidente e a árvore poderá ser vista de vários locais diferentes: da Praia de Botafogo, da do Flamengo, dos aviões que partem e chegam no Aeroporto Santos-Dumont, de Niterói e até dos municípios do fundo da baía. Haverá espaço para tudo e para todos.
Ave, Pelé!
Como diria aquele redundante locutor, é “justa e merecida” a homenagem que a Fifa e a revista France Football prestaram a Pelé, premiando-o, finalmente, com a Bola de Ouro de melhor jogador do futebol mundial.
Ele nunca a ganhara porque o troféu, na época em que jogava, só era concedido a craques atuando na Europa (a bem da verdade, ainda é assim). Diante de uma seleta plateia de supercraques e de super-cartolas, Pelé não conteve as lágrimas ao ser aplaudido de pé. Bem, isso o paciente leitor deve ter visto ao vivo pela tevê ou tomado conhecimento pelos jornais e pela internet.
Só restou, porém, na minha modesta opinião, alguém indagar: “O que Diego Maradona achou disso?” Pelo visto, como se diz, Dieguito deve ter botado, finalmente, o galho dentro. Muito embora o “semancol” nunca tenha sido o seu forte.
Banhos de verão
Já escreveu Nelson Rodrigues que “num clima como o nosso um banho por dia é pouco”. Nelson estava certíssimo. Tratando-se do verão carioca, como este de agora, a água é tudo, ou quase tudo. O banho de verão é um banho sem limites. Deve ser tomado a qualquer hora, com ou sem sabonete. O banho pelo banho, como já faziam povos mais antigos que a gente. Convém, entretanto, entregar a última palavra a Vinicius de Moraes, que assim escreveu, em 1960, sobre o cotidiano de um carioca:
“Ah, a chuveirada! Pode-se dizer que constitui um ritual sagrado no seu cotidiano e faz do carioca um dos seres mais limpos da criação. Praticada de comum com uma quantidade de sabão suficiente para apagar uma mancha mongólica, tremendos pigarreios, palavrões homéricos, trechos de samba e abundante perda de cabelo, essa chuveirada – instituição carioquíssima – restitui-lhe a sua euforia típica e inexplicável, pois poucos cidadãos poderão ser mais marretados pela cidade que ama acima de tudo”.
O Poetinha falou e disse.
Fonte: Carta Capital