Perca-se quem puder – Por Fernanda Pompeu

Sair do trilho, pegar um atalho, mudar de direção podem ser uma boa para qualquer processo de criação. Nada contra projetos, estudos, planejamentos. Afinal é importante calcular a distância entre o ponto A e o B. Fundamental saber aonde se quer chegar.

Mas no burburinho da jornada é salutar dar uma perdidinha. Parar tudo e se perguntar: E se eu fizesse ao revés? Se fosse obrigada a jogar tudo fora e recomeçar, como faria? Criar é verbo que não se conjuga com o já testado e sacramentado.
Criar tem mais a ver com terrenos baldios do que com edificações. Mais a ver com páginas ou telas brancas do que com manuais e tutoriais. É um momento de negociação entre você, uma ideia e uma linguagem. É também uma oportunidade de decisão: ficar por aqui, ou ir por ali.

Todo início deixa a gente perdidona. A primeira frase levará a uma boa redação ou à cestinha de lixo? O primeiro traço dará num desenho ou num borrão? O negócio inédito trará lucro ou prejuízo? A verdade é que não sabemos. Ao menos, não de antemão.

Se no começo formos atrás do que já deu certo, corremos alto risco de nada criar. Cairemos na arapuca da ladainha, do antigo com roupa nova, do igual ao mesmo, do Crt+C e ponto. Com medo e convenção. Sem surpresa e sem tesão.
A decisiva vez que compreendi o valor de me perder foi em Veneza. Caminhar por essa cidade-sobre-as-águas é saltar obstáculos a cada meio metro. Uma ponte, 250 degraus, uma ruela que leva a nada. Quanta inspiração errar em Veneza!
Pois depois de esgrimir com um mapa da cidade que não me ajudava, fiz dele uma bolinha de papel e o atirei contra o céu. O traçado veneziano não se presta a um esquema linear. Ao contrário, Veneza é um convite para descobertas ao léu. De igual jeito quando criamos.

Criamos com mapas sem legendas. Sem certeza de que dará samba, mas com esperança. Palavras soltas, desenhos abertos, desafios excitantes. Elementos em profusão esperando nossa intervenção. É a gente que inventará o caminho, o ritmo, a mensagem.

Por: Fernanda Pompeu 

Fonte: Yahoo

+ sobre o tema

Ascensão econômica desde 2003 não modifica valores políticos, diz pesquisa

Estudo mostra que população associa ganhos dos últimos 10...

Bispo Edir Macedo: “Dilma é vítima de mentiras espalhadas na internet”

Por José Orenstein   SÃO PAULO – O...

A luta de uma escritora da Islândia para que não haja mais tragédias como a do bebê sírio. Por Paulo Nogueira

E então penso comigo. Tanta gente desinspiradora tem ocupado meus...

Campanha Justiça por Miguel recebe apoio de artistas

Nesta quarta-feira (2), artistas, militantes, ativistas, advogados e familiares...

para lembrar

Estamos criando monstros

- A criança que vocês adotaram não combinou muito...

‘Meu sentimento é de indignação’, afirma Lula em nota

'Veja' afirmou que Lula pressionou ministro do STF para...

Obama: Falou o comandante em chefe

Foi acima de tudo um discurso do "comandante em...

Geração

Por Mauricio Pestana, para Portal Geledés Pertenço a uma geração que tem...

Fim da saída temporária apenas favorece facções

Relatado por Flávio Bolsonaro (PL-RJ), o Senado Federal aprovou projeto de lei que põe fim à saída temporária de presos em datas comemorativas. O líder do governo na Casa, Jaques Wagner (PT-BA),...

Morre o político Luiz Alberto, sem ver o PT priorizar o combate ao racismo

Morreu na manhã desta quarta (13) o ex-deputado federal Luiz Alberto (PT-BA), 70. Ele teve um infarto. Passou mal na madrugada e chegou a ser...

Equidade só na rampa

Quando o secretário-executivo do Ministério da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Cappelli, perguntou "quem indica o procurador-geral da República? (...) O povo, através do seu...
-+=