Piracicaba – Violência da PM em ações na periferia gera revolta

No início da noite da última sexta-feira, dia 10 de fevereiro, mais um confronto entre moradores e policiais ocorreu no bairro Bosques do Lenheiro, localizado na periferia de Piracicaba – SP.

Segundo moradores, a polícia tem agido com excesso de violência nas ações realizadas nas últimas semanas. O primeiro confronto ocorreu no dia 08, quarta-feira, quando a PM iniciou uma perseguição atrás de um passat com adolescentes que, segundo a versão dos policiais, conduziam o veículo em alta velocidade.

Os adolescentes foram encurralados numa esquina e, segundo testemunhas, abordados de forma agressiva. Um família, reunida em frente uma residência próxima ao local, acompanhou a abordagem e tentou intervir mas também sofreu retaliações por parte dos policiais. Pelo menos três jovens de 18, 21 e 23 anos – dois deles casados e um prestes a ser pai – foram presos sob alegação de “desrespeito a autoridade”. As famílias dos jovens negam essa versão e alegam que os jovens, trabalhadores e moradores no bairro há mais de 10 anos, interviram de forma pacífica. Para dispersar a população que se aproximava, a PM usou bombas de gás lacrimogênio, gás pimenta e balas de borracha.

Além dos jovens, os três adolescentes que estavam no passat também foram presos.

Dois dias depois, na sexta-feira, dia 10, a polícia voltou. Dessa vez, de forma mais violenta. Rosilene, casada, funcionária pública, mãe de três filhos e moradora do bairro há 7 anos, relata que os policiais chegaram escondendo a identificação e atirando bombas nas casas, obrigando as famílias a buscarem refúgio na residência de vizinhos.

Fabiana, outra moradora que reside no bairro há 11 anos e mãe de 4 filhos, testemunhou uma agressão a um idoso, em frente um supermercado. Um senhor de cerca de 70 anos, indignado, ao questionar um policial quanto a atuação da PM, foi atingido por um murro. O policial alegou “desacato a autoridade”. O idoso perdeu o equilíbrio e caiu. Fabiana, ao abaixar para socorrê-lo, foi ameaçada por outros três policiais que sacaram armas e apontaram para eles.

Outros moradores relataram violência corporal e verbal. Além de baterem em crianças, adolescentes e mulheres e utilizarem armas de efeito moral, os policiais ainda fizeram ameaças de morte a população local e recolheram câmeras que estavam registrando o conflito.

Dois moradores da mesma família foram detidos, acusados de tráfico de drogas. Há relatos de que esse flagrante tenha sido forjado.

Tanto na quarta quanto na sexta-feira, houve confronto entre os/as moradores e a PM: pedaços de paus e pedradas foram utilizados como defesa contra as balas de borracha e cassetetes. Um ônibus acabou sendo utilizado como barricada e foi incendiado. A antiga base da PM no bairro também foi atacada. Os moradores relatam ainda que o Jornal de Piracicaba foi impedido de acompanhar as ações.

Entre os/as entrevistados/as, todos/as se mostraram revoltados com a violência das ações por parte da polícia militar. Mulheres e crianças estão amedrontadas/os e indignadas/os com a situação. Jovens e adolescentes mostraram-se revoltados/as e prometeram confronto se a polícia continuar com abordagens violentas.

 

 

Fonte: CMI

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