Política também é coisa de mulher

JoutJout, Talíria Petrone e Ivanete Silva falam sobre a importância da participação feminina nas discussões sócio-políticas

Por Luana Vicentina, do Jornal da PUC

A palestra Mulheres na Política ocorreu na sala 102K. Foto: Amanda Dutra.

A mobilização de mulheres em torno de temas políticos guiou o encontro Mulheres na Política, que ocorreu na sexta-feira, 14. A youtuber JoutJout, a deputada federal Talíria Petrone (PSOL-RJ) e a candidata a vice-governadora do Rio de Janeiro pelo PSOL nas eleições de 2018 Ivante Silva foram as convidadas. Durante o bate-papo, elas defenderam que é necessário tornar acessível o debate, por meio da simplificação de conceitos abstratos do campo político, para engajar mulheres das mais diferentes esferas sociais.

Eleita com 107.317 votos, Talíria comentou os desafios enfrentados nos seis meses de mandato como deputada federal. Ela afirmou que existem estereótipos para caracterizar de forma pejorativa a atuação das mulheres negras no meio político, e ainda lembrou do assassinato da ex-vereadora Marielle Franco, que completou 15 meses no dia da palestra.

Deputada federal Talíria Petrone. Foto: Amanda Dutra.

— A política é o preço do pão, é o preço do ônibus, é a vida concreta. Mas ela é entendida como restrita ao espaço de poder. Estamos em 2019, e ainda temos que afirmar que tanto o espaço público como o de poder também são espaços nossos. A minha experiência na Câmara é tudo isso na prática. Me chamar de histérica, barraqueira e maluca são estereótipos da caracterização da mulher negra. Hoje, enquanto parlamentar, eu vejo que essa raiva por terem mulheres negras no poder é muito explícita.

A herança histórica da participação da mulher na política foi abordada por Ivanete. Ela defendeu que as construções dos partidos políticos não são pensadas para que mulheres participem. Para ela, não basta ser mulher e assumir um cargo oficial, o posicionamento dessas líderes deve convergir com a luta em prol da emancipação feminina.

Ivanete Silva na sala 102K. Foto: Amanda Dutra.

— Apesar de termos uma ascensão numérica na atuação de mulheres nos últimos anos, isso não quer dizer que todas elas nos representem. Não é qualquer mulher, e não é qualquer feminismo que nós reivindicamos. Não dá para ficar alimentando projetos que se voltam contra nós, que vão manter o conservadorismo, a exploração e o extermínio do nosso grupo.

As chamadas bolhas da internet e o feminismo restrito no meio digital foram criticados pela youtuber JoutJout. Ex-aluna do Departamento de Comunicação Social da PUC-Rio, ela considera que a comunicação humana se torna ineficaz nesse ambiente. Ela comentou a importância da atuação dos influenciadores digitais e ressaltou que, além do engajamento virtual, é preciso falar com quem está ao lado.

JoutJout na sala 102K. Foto: Amanda Dutra.

— Estamos falando bonito demais, eu acho que temos que falar mais de forma verdadeira, de dentro para fora. Existem umas frases muito feitas que nós usamos. Falamos “machista!”, mas o que isso quer dizer? Nós só jogamos umas palavras que aprendemos na internet, mas essas palavras não falam nada com ninguém.

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