“Precisamos desconstruir masculinidades tóxicas”, afirma Sérgio Barbosa

Desconstruir padrões de masculinidade desde a infância é essencial para a construção de uma sociedade mais igualitária

Por Tainah Fernandes Da Agência Patrícia Galvão

Sérgio Barbosa, filósofo. (Fernanda Frazão/ Revista Claudia)

O dia 6 de dezembro é marcado como o Dia Nacional de Mobilização dos Homens pelo Fim da Violência contra as Mulheres. Dentre muitos assuntos abordados por eles e para eles durante os 16 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência contra as Mulheres está a desconstrução de padrões de masculinidade estabelecidos pelo patriarcado.

A construção de uma sociedade mais justa para mulheres e homens, em que elas possam viver livres da violência de gênero e desfrutar de iguais oportunidades no mercado de trabalho, por exemplo, passa por ensinar crianças e adolescentes a compreender e questionar a estrutura social que normatiza a violência do homem contra a mulher.

É o que pontua Sérgio Barbosa, professor universitário de Filosofia e Sociologia e também coordenador do projeto Tempo de Despertar, programa idealizado pela promotora de justiça Maria Gabriela Manssur do Ministério Público do Estado de São Paulo, em que atua com grupos reflexivos para homens autores de violência contra mulheres e dá palestras educativas sobre o tema.

“Quando trabalhamos com crianças, jovens e adolescentes, explicamos que toda aquela situação de violência é baseada no patriarcado e que são essas estruturas que legitimam o controle da mulher. Em decorrência desse patriarcado surge o machismo, que é a expressão da violência simbólica contra as mulheres e, a partir disso, acontece a agressão”, explica Sérgio.

O professor reforça ainda que meninos e adolescentes precisam ter novas percepções de convivência em sociedade, apontando valores e papéis sociais para que esses jovens entendam que certos tipos de comportamentos não são aceitáveis e devem mudar.

“Quando usamos instrumentos e ferramentas para que o menino desconstrua a sua própria identidade, no movimento de torná-lo protagonista de suas ações, estamos permitindo que ele reveja seus conceitos, redefina suas atitudes e reconfigure seus comportamentos diante de uma mulher. É importante conhecer as ferramentas para que ele possa desconstruir essas masculinidades tóxicas.”

Tainah Fernandes 

+ sobre o tema

Feminista ou pró-feminista?

Sobre o termo “pró-feminismo” (ou poderia ser qualquer outra...

STJ anula decisão sobre estupro de menores de 12 anos

O Superior Tribunal de Justiça (STJ) suspendeu decisão que...

Marca de make faz campanha de base com modelo que tem vitiligo

Amy Deanna é a estrela do anúncio da linha...

para lembrar

spot_imgspot_img

Luta das mulheres voltou a pautar as ruas em 2024 e acendeu alerta para o retrocesso

A luta pelos direitos das mulheres no ano de 2024, que começou de maneira relativamente positiva para a luta das mulheres, foi marcada por...

Apenas cinco mulheres se tornaram presidentes nas eleições deste ano no mundo BR

A presença feminina nos mais altos níveis de liderança política permaneceu extremamente baixa em 2024. Apenas cinco mulheres foram eleitas como chefes de Estado...

Cidadania para a população afro-brasileira

"Eu gostaria que resgatassem um projeto desse sujeito extraordinário que foi Kwame Nkrumah, panafricanista, de oferecer nacionalidade de países africanos para toda a diáspora",...
-+=