ONU alerta para avanço de discursos que desprezam mulheres e minorias

No mês em que o mundo comemora o Dia Internacional dos Direitos Humanos, 10 de dezembro, a chefe da ONU Mulheres, Phumzile Mlambo-Ngcuka, alertou para o surgimento de uma nova ordem mundial, que neutraliza as opiniões contrárias e se alimenta do desprezo pelas mulheres e minorias.

Da ONU

Em Morris, nos Estados Unidos, manifestantes defendem direitos das mulheres e dos migrantes. No cartaz à esquerda, lê-se “Direitos das mulheres são direitos humanos”. No cartaz à direita, “Todos são bem-vindos”. Foto: Flickr (CC)/Nic McPhee

Segundo a dirigente, esses discursos e posicionamentos veem os refugiados, migrantes, os povos indígenas e outros grupos como “a desordem”, como se fossem elementos menos valiosos da sociedade.

No mês em que o mundo comemora o Dia Internacional dos Direitos Humanos, 10 de dezembro, a chefe da ONU Mulheres, Phumzile Mlambo-Ngcuka, alertou para o avanço de discursos e posicionamentos que ameaçam essas garantias fundamentais. Dirigente vê com preocupação o que descreveu como o surgimento de uma nova ordem mundial, que silencia as vozes discordantes e se alimenta do desprezo pelas mulheres e minorias.

“É alarmante constatar atualmente como, em todo o mundo, cresce e se legitima uma ordem mundial que coloca em risco os direitos humanos básicos, uma ordem que neutraliza as opiniões contrárias e sufoca o debate, que recusa o multilateralismo e as instituições internacionais de cooperação e solidariedade e que coloca em risco as normas e os padrões universais de direitos humanos, igualdade, justiça e bem-estar”, afirmou a dirigente.

Segundo Phumzile, “essa ordem mundial se alimenta das estruturas patriarcais que subordinam as mulheres e as minorias, que silenciam vozes, que menosprezam as opiniões discordantes”.

“É uma ordem que não tem espaço para aqueles que estão lutando às margens da nossa sociedade. Ao contrário, vê esses grupos — as pessoas migrantes ou refugiadas, os povos indígenas ou qualquer um que desafie as normas sociais tradicionais — como se fossem ‘a desordem’, como se fossem elementos menos valiosos da sociedade. Está baseada na exclusão ao invés da inclusão. Está baseada na injustiça ao invés da justiça”, completou a diretora-executiva da ONU Mulheres.

A especialista lembrou que, ao longo dos 70 anos desde a adoção da Declaração Universal dos Direitos Humanos, em 1948, a comunidade internacional se empenhou em manter uma ordem global bem distinta desse novo panorama, baseada inversamente na solidariedade, no respeito pela humanidade compartilhada e no compromisso com o bem público. Isso foi possível mesmo com as diferenças culturais, linguísticas, religiosas e políticas.

“Nesse Dia dos Direitos Humanos e nesse 70º aniversário, lembremos que todos os Estados-membros da ONU são obrigados a implementar e defender os direitos humanos fundamentais, a dignidade e o valor de todas as pessoas e a igualdade de direitos entre homens e mulheres”, afirmou Phumzile.

Países, acrescentou, também devem estabelecer as condições que mantenham a justiça e o respeito das obrigações contidas nos tratados e outras fontes do direito internacional.

Direitos humanos: responsabilidade de todos

Phumzile explicou ainda que não apenas os governos, mas todos os cidadãos têm o dever de defender os direitos humanos.

“Todos nós na sociedade temos um papel a desempenhar, manifestando-se pelos direitos humanos universais, chamando atenção para abusos e levando nossos dirigentes a responder pelos valores que eles prometeram garantir. Cabe a todos nós defender e manter os valores sobre os quais as Nações Unidas foram fundadas, apoiar, fortalecer e integrar o trabalho vital dos movimentos solidários e amplificar as vozes de mulheres e meninas no mundo, que estão se manifestando em alto e bom som”, disse a dirigente.

“Hoje, reafirmemos o nosso compromisso com um mundo em que os direitos humanos e os direitos das mulheres sustentem a justiça, a solidariedade, a harmonia e a prosperidade para todas e todos.”

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