O talento dos irmãos gêmeos Gabriel e Natanael em tocar violinos é tema de reportagem do site da UPP, que conta como os dois ganharam os seus próprios instrumentos ao serem vistos se apresentando na estação Palmeiras do teleférico. Alunos do projeto Ação Social pela Música do Brasil, que oferece aulas para as crianças das favelas com UPPs.
O site da UPP publicou matéria contando a história de Natanael e Gabriel, irmãos gêmeos, moradores do Alemão e alunos do projeto “Ação Social pela Música do Brasil”, que leva aulas gratuitas de música para crianças das favelas pacificadas no Rio de Janeiro.
Os irmãos, que tinham como hábito tocar violino na estação das Palmeiras do teleférico, usando os equipamentos emprestados pela Ação Social, ganharam instrumentos próprios por um doador anônimo, que os viram se apresentar, e agora, vivem o sonho de ter os seus próprios violinos, podendo desenvolver ainda mais os seus talentos: “Eles ficaram muito felizes, jamais imaginaram que uma coisa dessas pudesse acontecer em suas vidas. Eu também fiquei muito emocionada. É muito difícil a gente ver um gesto tão bonito de alguém sem querer nada em troca”, disse Dona Débora, mãe dos irmãos.
Por Juliana Alcantara e Soraya Batista para o site da UPP
Complexo do Alemão revela jovens talentos musicais
O sonho dos gêmeos Natanael e Gabriel da Paixão é tocar no Theatro Municipal
Os irmãos gêmeos Natanael e Gabriel de Jesus da Paixão, de 12 anos, moradores do Complexo do Alemão, vivem um momento especial de suas vidas. Alunos de violino do projeto Ação Social pela Música do Brasil, costumavam se apresentar na estação Palmeiras do Teleférico nos finais de semana. Em uma dessas apresentações, um homem que passava pelo local parou para ouvir as músicas que estavam sendo tocadas e se emocionou com o talento dos meninos. No final do show, se aproximou deles para conversar.
“Ele se apresentou e explicou que gostava de música e que tinha ficado impressionado com a apresentação deles. Em seguida pediu meu telefone. Quando ele me ligou, perguntou se os violinos das apresentações pertenciam aos meus filhos e quando eu disse que não, ele se ofereceu para dar novos instrumentos para eles. E poucos dias depois ele levou os violinos”, conta a dona de casa, Débora de Jesus da Paixão, mãe dos gêmeos.
Os violinos que Natanael e Gabriel usavam pertencem ao projeto musical, que atende crianças de comunidades pacificadas. Ter um instrumento próprio era um sonho antigo dos filhos de Dona Débora, mas que não poderia ser realizado, já que um violino custa, em média, de R$250 a R$3.000. Ou seja, um preço salgado que não caberia no orçamento da família Paixão.
“Eles ficaram muito felizes, jamais imaginaram que uma coisa dessas podesse acontecer em suas vidas. Eu também fiquei muito emocionada. É muito difícil a gente ver um gesto tão bonito de alguém sem querer nada em troca”, disse Dona Débora.
O doador dos violinos pediu para permanecer anônimo, porém não vai ser esquecido tão cedo pela família. Atualmente os meninos não estão tocando mais na estação das Palmeiras, por isso Dona Débora não sabe se o benfeitor retornou ao local. Mas apesar de não encontrá-lo novamente, ela se disse que é muito agradecida pelos presentes doados aos seus filhos.
A ligação de Natanael e Gabriel com a música começou de forma inusitada. Natanael, soube por intermédio de um amigo que perto de sua casa estavam sendo realizadas aulas de música do projeto Ação Social pela Música do Brasil. Foi conferir, gostou, levou seus dois irmãos Gabriel e Giliard e fez divulgação do projeto para outros jovens da comunidade.
“No início ele achou que era aula de violão e se surpreendeu quando viu que eram aulas de violino. Mas aí decidiu fazer e gostou. Nunca imaginei que meus filhos fossem se interessar por esse tipo de instrumento, tão distante da nossa realidade. Mas estou orgulhosa, eles tocam muito bem e querem ser músicos profissionais”, diz a mãe dos meninos.
Gabriel conta que ele e os irmãos nunca tinham feito aula de música, mas aprenderam rápido a lidar com o instrumento e já conseguem ler partituras. O menino tem planos ousados para o futuro: “Me imagino solando numa orquestra”. Já Natanael disse que sua meta é ser professor de música. “Para mim, as apresentações que fazemos é como um treinamento, porque quando eu for para o Theatro Municipal já vou estar acostumado.”
Gileard, 7 anos, o caçula da família, viu os irmãos mais velhos tocando violino e passou também a acompanhar as aulas. “Ele já tocava pandeiro na igreja”, comentou Dona Débora, mãe orgulhosa com o dom dos três filhos para a música. “No fim de semana a gente acorda com eles tocando. Eu fico feliz, porque vejo meus filhos encaminhados.”
Marcio Marins, coordenador do núcleo Alemão da Ação Social pela Música do Brasil, vê a atividade como positiva, porque melhora o relacionamento interpessoal. Outra questão é a alegria de ver as crianças empenhadas de forma positiva com o futuro delas. “Há três anos eles só conheciam o funk. Agora, o mundo se abriu para outra perspectiva.”
Fonte: Brasil 247