Protagonismo de mulheres afro-brasileiras feministas é pauta dentro das universidades

Empoderamento, empreendedorismo social, produção cultural e economia criativa. São essas algumas das temáticas que o programa de formação em arte urbana, o AfroGrafiteiras, quer difundir. Ainda hoje, milhares de pessoas sofrem preconceito simplesmente por serem negras e milhares de mulheres sofrem apenas por serem mulheres.

Por Ramon de Angeli, do Extra

O Afrografiteiras começou em 2015 como um curso de formação feito pela Rede Nami – rede feminista de arte urbana, funcionando como um espaço de ensino gratuito de grafite para mulheres negras, além de espaço de reflexão sobre o que é ser mulher negra na sociedade, abordando todos os atravessamentos sofridos por elas.

Para Viviane Laprovita, integrante do movimento e uma das mulheres que ministram oficinas de grafite, o movimento é de extrema importância. Estudante de Artes Visuais na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), a jovem teve motivação para fazer parte do coletivo pela necessidade da luta por uma representação e identificação.

—Fiz parte da primeira turma das oficinas, em 2015. Depois disso, cada aluna escreveu um projeto para trabalhar como oficineira de grafite no segundo módulo do projeto. Somos uma grande rede de mulheres mobilizadas pelas diversas artes urbanas.

Atualmente as oficinas acontecem na Pedra do Sal, aos sábados, e também em Acari, toda quarta-feira, mas algumas delas já foram realizadas na Maré. A cada turma são oferecidas vagas para 30 mulheres e o programa é contínuo, ou seja, o que as alunas retém de conhecimento, já podem passar para frente, geralmente ensinando em escolas do município.

Com o sucesso do programa, as integrantes do movimento passaram a receber convites de universidades para darem palestras e integrarem mesas de debates sobre gênero e raça. Como contrapartida, sempre propõem aos presentes fazer um mural ou oficina de grafite.

—Já foram realizadas intervenções de graffiti na UERJ, UFRJ e outras instituições de ensino. É sempre uma troca muito boa e um espaço bastante propício para o diálogo. Acho importante o debate, principalmente por se tratar de um ambiente elitista que reflete desigualdades da sociedade. O machismo e racismo também estão presentes nas universidades e vejo uma tentativa de contornar essa situação através do trabalho de coletivos independentes que realizam ações para que isso acabe.

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