Manifestantes também fizeram críticas à imprensa, que acusaram por buscar “criminalizar” os grevistas
Num protesto de “bota-fora”, marcado para o dia em que José Serra (PSDB) deixou o governo de São Paulo para concorrer à Presidência da República, professores grevistas da rede estadual voltaram ontem à tarde a bloquear a av. Paulista e uma das pistas da rua da Consolação e a atacar Serra.
“Quem trata o professor desta forma não pode governar bem o Brasil”, discursou a presidente da Apeoesp (maior sindicato dos professores estaduais), Maria Izabel Noronha.
O PSDB entrou com uma representação na Justiça Eleitoral contra o sindicato e Maria Izabel, que é filiada ao PT, por causa das declarações de cunho eleitoral que têm sido feitas nos protestos dos professores. “Não me intimido nem me intimidarei. Reafirmo: Serra não será um bom presidente”, respondeu a sindicalista.
Parte dos docentes está em greve desde o dia 8. Eles pedem reajuste salarial de 34,3%. O governo estadual diz que esse aumento comprometeria as contas do Estado e que só negocia após o fim do movimento.
Segundo a Apeoesp, 45 mil pessoas participaram do “bota-fora”. Pelos cálculos da Polícia Militar, foram apenas 3.000.
Por causa do protesto, os motoristas enfrentaram trânsito complicado. Na av. Paulista, o congestionamento na pista sentido Consolação chegou a 2 km. Na av. Rebouças, na pista sentido centro, a 3 km.
Os grevistas decidiram manter a paralisação e convocaram novo protesto na Paulista para a próxima quinta-feira. Segundo os grevistas, mais de 60% dos professores estão parados. Para o governo, as escolas afetadas não passam de 1%.
Os manifestantes também atacaram a imprensa. Suplente do senador Eduardo Suplicy (PT) e um dos líderes do protesto, Carlos Ramiro de Castro acusou a imprensa de criminalizar o movimento grevista.
Ele também criticou o fato de os veículos noticiarem a filiação partidária dos dirigentes sindicais nas reportagens sobre manifestações contra Serra.
“Pergunte aos Frias, pergunte aos Mesquitas, pergunte aos Marinhos, se eles não têm posição político-partidária”, disse, aos gritos, referindo-se aos proprietários da Folha, de “O Estado de S. Paulo” e da Rede Globo, respectivamente.
“Trabalhador não pode, mas o patrãozinho deles [jornalistas] pode [ter filiação partidária]”, disse. Para ele, o movimento tem “independência de qualquer partido político”. (RICARDO WESTIN e BRENO COSTA)
Fonte: Folha de S.Paulo