Quem mandou matar Marielle e por quê? 4 anos sem resposta é tempo demais!

Enviado por / FonteECOA, por Anielle Franco

Nesta segunda, completam quatro anos da perda brutal de Marielle e Anderson, mais um dia 14 de março, no qual, ainda que sofrendo com a saudade arrebatadora da minha irmã, continuamos de pé lutando por justiça. E não é de hoje! Desde 14/3/2018, quando Mari e Anderson foram brutalmente retirados de nós, temos recorrentemente lutado por justiça, pela memória e legado de Marielle e Anderson e, nos últimos tempos, pedido acesso à integralidade das investigações.

Diante das recorrentes mudanças na condução do caso e de provas de interferências externas, em julho de 2021, nossa família, junto à família de Anderson Gomes, ao Instituto Marielle Franco e às organizações da sociedade civil Terra de Direitos, Justiça Global, Coalizão Negra por Direitos e Anistia Internacional lançamos o Comitê Justiça Por Marielle e Anderson para acompanhamento das investigações do caso.

Nessa última semana, o Comitê se reuniu com uma série de autoridades sobre o processo para lutar por justiça para Marielle e Anderson: no dia 8 de março, o Comitê se reuniu com o juiz responsável pelo caso. Já no dia 9, foi a vez de se reunir com o 5º delegado à frente do caso para entendermos o porquê de mais uma troca. No dia 10, a reunião foi com o Ministro Schietti, do Superior Tribunal de Justiça. E hoje, no dia 14, também teremos uma série de reuniões importantíssimas: estamos na expectativa de sermos recebidos pelo governador do Estado, o qual não respondeu nosso pedido de reunião, mas, após organizações de direitos humanos terem denunciado tal ausência de retorno na mídia, a equipe do governador nos procurou para nos receber.

Muita coisa aconteceu desde março de 2018, e o que atualmente avaliamos como etapa necessária para conseguirmos justiça no caso é justamente que os representantes legais das famílias, ou seja, a Defensoria Pública e os advogados, tenham acesso à parte da investigação que trata dos mandantes, pois sabemos que é obrigação do Estado permitir aos familiares das vítimas participarem de maneira formal e efetiva da investigação conduzida pela polícia ou pelo Ministério Público.

Marielle é semente que continua germinando pelo Brasil a fora, inspirando diversas mulheres negras a ocupar espaços de poder que nos foram historicamente negados. Estamos lutando por Marielle e Anderson e, consequentemente, contra a omissão estatal na responsabilização do assassinato de diversos defensores de direitos humanos, cujos mandantes dos crimes não foram responsabilizados pelo Estado. A resolução do caso de Mari e Anderson é importante para o futuro da democracia do país!

Assim, continuaremos de pé, honrando a memória de Marielle e lutando por justiça! Para que as mulheres negras não sejam nunca mais interrompidas em suas trajetórias políticas!

+ sobre o tema

Facebook tira do ar página que bombou notícia falsa sobre Marielle Franco

Envolvidos na difusão de notícia falsa sobre a vereadora...

Franceses e brasileiros em Paris homenageiam Marielle Franco e manifestam solidariedade a Lula

A vereadora e militante brasileira dos direitos humanos Marielle...

“O sentimento da família é desesperador”, diz irmã de Marielle sobre impunidade

Quase sete meses depois do assassinato da vereadora carioca Marielle...

Marielle, um sonho para despertar

Hoje acordei tropeçando em meu sonho. Sabe aqueles dias...

para lembrar

A educação antirracista como força transformadora

Em abril, compartilhei com vocês aqui da coluna minhas preocupações sobre...

Anielle Franco: ‘Os desafios atuais são muitos, a começar por nos mantermos vivas’

Uma noite marcada pelo protagonismo das mulheres negras. Assim...

A população periférica e favelada construindo um novo futuro para o Brasil

Essa semana lançaremos a parte final do projeto Mapa...
spot_imgspot_img

Plano Juventude Negra Viva será lançado em Ceilândia (DF) nesta quinta-feira (21)

O Plano Juventude Negra Viva (PJNV) será lançado pelo Ministério da Igualdade Racial nesta quinta-feira (21) em Ceilândia, região administrativa do Distrito Federal. O...

‘Vitória’, diz ministra Anielle Franco sobre IBGE apontar maioria da população parda

Na tarde desta sexta-feira (22), a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, classificou como "vitória" o resultado do Censo 2022, que demonstrou que o Brasil...

Diferenças não podem significar desigualdade de direitos, diz Anielle

A ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, defendeu a igualdade de direitos e oportunidades para o povo negro, bem como seu acesso à educação,...
-+=